John Brennan, nomeado pelo presidente Barack Obama para dirigir a CIA (agência de inteligência americana), defendeu nesta quinta-feira os ataques com uso de aviões não tripulados (drones), ressaltando, no entanto, que é melhor prender terroristas do que matá-los. Em sabatina no Senado, ele disse ainda estar disposto a promover o debate sobre as atuais políticas de combate ao terrorismo do governo, se for confirmado no cargo, e prometeu transparência na instituição. Brennan é alvo de críticas por apoiar o uso dos drones, já que as regras para o uso desses equipamentos permanecem secretas. Ativistas argumentam que o equipamento promove execuções ilegais. Logo no início da audiência, Brennan foi interrompido várias vezes por manifestantes, o que levou a presidente da comissão, senadora Dianne Feinstein, a interromper os trabalhos, que foram retomados pouco depois. Um dos manifestantes exibiu um cartaz com os dizeres: “Brennan = Morte por Drone”. O
nomeado deve ajudar Obama a reduzir o uso de forças militares convencionais, que consomem boa parte da verba do país, para lidar com a ameaça da Al Qaeda e de seus aliados, e investir no programa de drones. “Eu nunca acreditei que é melhor matar um terrorista do que detê-lo”, disse o nomeado, rebatendo a pergunta de um parlamentar. Ele disse que prender e interrogar terroristas pode resultar em informações valiosas para evitar novos ataques, informou o jornal The Washington Post. A audiência com Brennan ocorre um dia depois de o Departamento de Justiça enviar ao Congresso documentos com informações sobre o uso de drones. O documento secreto traz a base legal para o assassinato de terroristas, mesmo que sejam cidadãos americanos. Na véspera da sabatina, Brennan respondeu a um questionário elaborado pela comissão, e disse as ações com drones “são conduzidas em total conformidade com a lei” para evitar ataques terroristas contra os Estados Unidos e salvar vidas. “Devemos, contudo, usar essas tecnologias com cuidado e responsabilidade”. Ele acrescentou que o governo americano tem autoridade para conduzir os ataques contra a Al Qaeda e forças aliadas sem limitações geográficas. “Consequentemente, não acredito que uma legislação adicional seja necessária”. Interrogatório - O indicado disse estar ciente de que algumas operações antiterroristas da administração Obama provocaram controvérsia em nível nacional e internacional, mas destacou que a luta contra a Al Qaeda muitas vezes ainda
depende do uso da "força letal". Brennan também destacou a necessidade de precisão para enfrentar a Al Qaeda e desafios como os ciberataques, as organizações criminosas internacionais e a proliferação nuclear de países como Irã e Coreia do Norte. "A missão da CIA é tão importante para a segurança nacional atualmente como em qualquer outro momento da história de nosso país", ressaltou. Por outro lado, ele se mostrou disposto a promover o diálogo com o Congresso e com os cidadãos americanos, "embora haja desacordos", por considerá-lo parte do processo democrático. "Uma de suas maiores prioridades" será dialogar sobre os resultados de um relatório de mais de 6.000 páginas, organizado pelo Senado, que denuncia técnicas de interrogatório da CIA que seriam proibidas. Na audiência desta quinta, Brennan admitiu que sabia que essas técnicas eram usadas em interrogatório da CIA, mas não fez nada para combatê-las "porque esse não era seu papel".
Perfil - O indicado, de 57 anos e que trabalha na CIA há 25, é o principal conselheiro de contraterrorismo de Obama e esteve envolvido no planejamento do ataque americano que matou Osama bin Laden. O presidente já havia pensado nele para ocupar o principal cargo da CIA em 2008, mas o candidato retirou seu nome em meio a questionamentos a respeito de sua ligação com o uso de técnicas de interrogatório muito duras durante o governo de George W. Bush. Brennan negou envolvimento com os métodos, que incluem afogamento, e declarou-se contrário a eles. Se for confirmado pelo Senado, Brennan sucederá David Petraeus, general de quatro estrelas, que renunciou ao seu cargo depois que uma investigação do FBI expôs uma relação extraconjugal que manteve com sua biógrafa Paula Broadwell. Ao nomeá-lo, Obama exaltou seu trabalho "incansável", assim como sua experiência na luta contra o terrorismo.
Fonte: Reuters.
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