Desenho artístico do Cbers-3 (Imagem: divulgação). |
Por: Herton Escobar
O lançamento do satélite sino-brasileiro
CBERS-3, previsto para ocorrer entre novembro e dezembro de 2012, foi
remarcado para maio ou junho deste ano, por causa de problemas técnicos
na parte brasileira do projeto. "Este é o nosso novo cronograma", disse
ontem ao Estado o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), Leonel Perondi, respondendo a uma série de dúvidas e
especulações sobre o atraso no lançamento.
O satélite, desenvolvido em parceria pelo
Brasil e a China, é peça fundamental do Programa Espacial Brasileiro. O
custo do projeto é da ordem de US$ 125 milhões para cada país.
O problema está em uma série de pequenos
conversores de energia comprados pelo Brasil em 2007 de uma empresa
norte-americana chamada Modular Devices Incorporated (MDI), por cerca de
US$ 2,5 milhões. Vários desses conversores apresentaram falhas nos
testes finais que antecedem o lançamento na China, apesar de terem
passado por todos os testes anteriores de qualidade realizados pelo Inpe
e pelas empresas nacionais contratadas para o projeto no Brasil.
O fato foi divulgado em novembro pelo
Jornal do SindCT, do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais
na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial, mas o Inpe não
havia se pronunciado oficialmente sobre o caso até agora.
Segundo Perondi, uma avaliação técnica
iniciada pelo Inpe em junho de 2012 concluiu que havia defeitos
intrínsecos nos conversores da MDI - que já vinham apresentando
problemas há algum tempo. Em agosto, uma equipe do instituto foi até a
sede da empresa, nos EUA, para discutir a situação, levando cerca de 20
conversores (de um lote de 300) que tinham apresentado falhas. Em
setembro, segundo Perondi, a empresa enviou um comunicado ao Inpe
reconhecendo que havia defeitos de fabricação em 12 peças analisadas.
Concluiu-se, porém, que nem todas as
peças estava comprometidas. Segundo Perondi, os conversores com
problemas foram substituídos por outros do mesmo lote e submetidos a uma
nova bateria de testes. "Retestamos tudo e, a princípio, não há mais
nenhuma anomalia no satélite", afirma Perondi. Apesar disso, optou-se
por trazer alguns componentes de volta ao Brasil para mais verificações.
A decisão de reagendar o lançamento foi
tomada em 20 de novembro. "Temos de ser extremamente rigorosos nesse
processo; nada pode ir ao espaço com dúvidas", diz Perondi. "Pode
demorar mais, pode custar mais, mas não pode haver falhas."
A data de lançamento ainda poderá sofrer
alterações. "O cronograma é móvel, vai sendo revisto à medida que
fazemos os testes", afirma Perondi.
Outra opção seria reprojetar o sistema
elétrico do satélite para operar com outro modelo de conversor, mas isso
atrasaria o lançamento do satélite em no mínimo dois anos, segundo
fontes ouvidas pelo Estado.
Embutidos
Os conversores, de um tipo chamado DC/DC,
têm a função de adequar a voltagem da corrente elétrica do satélite às
necessidades de cada um de seus subsistemas internos. Cada conversor
pesa cerca de 500 gramas e há vários deles (44 no total) embutidos nos
componentes brasileiros. "Não é algo trivial de ser substituído", disse
Perondi.
Os componentes chineses, por sua vez,
utilizam conversores externos, maiores e mais pesados, que operam com
uma voltagem fixa predeterminada - fabricados por uma empresa
brasileira.
Fonte: Jornal Estadão - São Paulo.
Falhas técnicas obrigam Brasil a adiar lançamento de satélite com a China.
Reviewed by Consultor de Segurança Eletrônica
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21:37:00
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