Uma série de estudos encomendados pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quantifica os custos da
criminalidade e da violência na América Latina e Caribe, chegando a
novas conclusões a partir de estatísticas sobre segurança pública, saúde
e economia. No Brasil, um estudo mostrou que as
pessoas pagam 13 bilhões de dólares só para terem a sensação de
segurança. No Uruguai, o impacto negativo do problema chega a 3 por
cento do Produto Interno Bruto. Em geral, bebês nascidos de mães que
sofrem violência física são mais propensos a ter problemas de saúde. "As pessoas pagam pela sensação de
segurança", disse David Vetter, coordenador do estudo que avaliou o
impacto da insegurança sobre o valor dos imóveis em áreas metropolitanas
brasileiras. "Há muito mais pessoas que tem medo dos crimes do que são
vítimas dos crimes", disse por telefone à Reuters. Um tema que permeia os oito estudos
apresentados é que as mulheres, crianças e famílias em geral sofrem mais
com a criminalidade e a violência. O BID observa que a região apresenta
algumas das maiores taxas mundiais de homicídios e que nela ficam 20 das
cidades mais violentas do planeta. No entanto, o Fundo Monetário
Internacional (FMI) prevê que a região da América Latina e Caribe
crescerá 3,6 por cento neste ano, mais do que o dobro do 1,4 por cento
previsto para as economias avançadas, e acima da média mundial de 3,5
por cento. Esse tipo de crescimento mascara parcialmente o impacto da
criminalidade e da violência sobre as economias da região.
MORADIA
No estudo de Vetter, o custo habitacional
no Brasil é inflado em 13,6 bilhões de dólares, levando em conta "a
forte e significativa relação entre o aluguel mensal e a sensação de
segurança no lar." Elevar a sensação de segurança doméstica
de 40,9 por cento para 59 por cento (ou um desvio padrão) aumentaria o
valor dos imóveis em 757 dólares, se o valor fosse dividido por todas as
18 milhões de residências da área estudada. "As implicações da criminalidade sobre o
bem estar da região são potencialmente muito maiores. A violência não
vitimiza só indivíduos, ela abala a confiança nas instituições
públicas", disse em nota Ana Corbacho, economista da divisão de
Instituições para o Desenvolvimento do BID. O BID solicitou estudos acadêmicos para
mensurar o custo da criminalidade e recebeu 117 propostas de 19 países.
Os autores de oito dos nove estudos financiados estão apresentando seus
resultados em um seminário nesta quinta e sexta-feira na sede do BID, em
Washington. "Os cidadãos da América Latina e Caribe
citam a criminalidade e a violência como sua maior preocupação, acima do
desemprego, da saúde e de outras questões", disse o BID em nota. Grande parte da violência na região pode ser atribuída ao narcotráfico. No México, a atual "guerra às drogas"
levou a um declínio da atividade econômica em municípios onde a
violência relacionada ao narcotráfico é mais acentuada, segundo outro
estudo. No mês passado, o procurador-geral
mexicano, Jesús Murillo, estimou que 70 mil pessoas tenham morrido por
causa da violência associada às drogas durante o governo de Felipe
Calderón (2006-12), sendo que cerca de 9.000 cadáveres não foram
identificados. Um tema comum a todos os estudos focados
na saúde e questões sociais é o impacto significativo da violência e da
criminalidade sobre mulheres e crianças, e os efeitos geracionais de
longo prazo sobre a saúde, a educação e os gastos com medicamentos. Um estudo no Brasil mostrou que grávidas
com pouca escolaridade e vivendo em áreas de grande criminalidade têm
mais chances de parir crianças abaixo do peso ideal. "Isso sugere que a violência contribui
com mecanismos que afetam a transmissão do status socioeconômico entre
os pais e sua prole", escreveram pesquisadores da Universidade de
Leicester e da Universidade Queen Mary, de Londres.
Por: Daniel Bases.
Custo da Criminalidade na AL e Caribe.
Reviewed by Consultor de Segurança Eletrônica
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01:28:00
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