Existem cabos de cat 1
até cat 7. Como os cabos cat 5 são suficientes tanto para redes de 100
quanto de 1000 megabits, eles são os mais comuns e mais baratos, mas os
cabos cat 6 e cat 6a estão se popularizando e devem substituí-los ao
longo dos próximos anos. Os cabos são vendidos originalmente em caixas
de 300 metros, ou 1000 pés (que equivale a 304.8 metros):
No
caso dos cabos cat 5e, cada caixa custa em torno de 200 reais aqui no
Brasil, o que dá cerca 66 centavos o metro. Os cabos de categoria 6 e 6a
ainda são mais caros, mas devem cair a um patamar de preço similar ao
longo dos próximos anos. Os
cabos de par trançados são compostos por 4 pares de fios de cobre que,
como o nome sugere, são trançados entre si. Este sistema cria uma
barreira eletromagnética, protegendo as transmissões de interferências
externas, sem a necessidade de usar uma camada de blindagem. Este
sistema sutil de proteção contrasta com a "força bruta" usada nos cabos
coaxiais, onde o condutor central é protegido de interferências externas
por uma malha metálica. Para
evitar que os sinais de um cabo interfiram com os dos vizinhos, cada
par de cabos utiliza um padrão de entrançamento diferente, com um número
diferente de tranças por metro, como você pode ver na foto a seguir:
O
uso de tranças nos cabos é uma idéia antiga, que remonta ao final do
século 19, quando a técnica passou a ser utilizada no sistema
telefônico, de forma a aumentar a distância que o sinal era capaz de
percorrer. Originalmente,
as tranças dos cabos não seguiam um padrão definido, mas, com o passar
do tempo, o número de tranças por metro, juntamente com outros detalhes
técnicos foram padronizados. Isso permitiu que os cabos de par trançado,
originalmente desenvolvidos para transportar sinais de voz, dessem um
grande salto de qualidade, passando a atender redes de 10, 100, 1000 e
recentemente de 10000 megabits, uma evolução realmente notável. Para
potencializar o efeito da blindagem eletromagnética, as placas de rede
utilizam o sistema "balanced pair" de transmissão, onde, dentro de cada
par, os dois fios enviam o mesmo sinal (e não transmissões separadas,
como geralmente se pensa), porém com a polaridade invertida. Para um bit
"1", o primeiro fio envia um sinal elétrico positivo, enquanto o outro
envia um sinal elétrico negativo:
Ou
seja, o segundo fio é usado para enviar uma cópia invertida da
transmissão enviada através do primeiro, o que tira proveito das tranças
do cabo para criar o campo eletromagnético que protege os sinais contra
interferências externas, mesmo nos cabos sem blindagem. Devido a esta
técnica de transmissão, os cabos de par trançado são também chamados de
"balanced twisted pair", ou "cabo de par trançado balanceado". À
primeira vista, pode parecer um desperdício abrir mão de metade dos fios
do cabo, mas sem isso o comprimento máximo dos cabos seria muito menor e
as redes seriam muito mais vulneráveis a interferências. Voltando
ao tema inicial, em todas as categorias, a distância máxima permitida é
de 100 metros (com exceção das redes 10G com cabos categoria 6, onde a
distância máxima cai para apenas 55 metros). O que muda é a freqüência
e, conseqüentemente, a taxa máxima de transferência de dados suportada
pelo cabo, além do nível de imunidade a interferências externas. Vamos
então a uma descrição das categorias de cabos de par trançado
existentes:
Categorias 1 e 2:
Estas duas categorias de cabos não são mais reconhecidas pela TIA
(Telecommunications Industry Association), que é a responsável pela
definição dos padrões de cabos. Elas foram usadas no passado em
instalações telefônicas e os cabos de categoria 2 chegaram a ser usados
em redes Arcnet de 2.5 megabits e redes Token Ring de 4 megabits, mas
não são adequados para uso em redes Ethernet.
Categoria 3:
Este foi o primeiro padrão de cabos de par trançado desenvolvido
especialmente para uso em redes. O padrão é certificado para sinalização
de até 16 MHz, o que permitiu seu uso no padrão 10BASE-T, que é o
padrão de redes Ethernet de 10 megabits para cabos de par trançado.
Existiu ainda um padrão de 100 megabits para cabos de categoria 3, o
100BASE-T4 (que vimos a pouco), mas ele é pouco usado e não é suportado
por todas as placas de rede.
A
principal diferença do cabo de categoria 3 para os obsoletos cabos de
categoria 1 e 2 é o entrançamento dos pares de cabos. Enquanto nos cabos
1 e 2 não existe um padrão definido, os cabos de categoria 3 (assim
como os de categoria 4 e 5) possuem pelo menos 24 tranças por metro e,
por isso, são muito mais resistentes a ruídos externos. Cada par de
cabos tem um número diferente de tranças por metro, o que atenua as
interferências entre os pares de cabos.
Categoria 4:
Esta categoria de cabos tem uma qualidade um pouco superior e é
certificada para sinalização de até 20 MHz. Eles foram usados em redes
Token Ring de 16 megabits e também podiam ser utilizados em redes
Ethernet em substituição aos cabos de categoria 3, mas na prática isso é
incomum. Assim como as categorias 1 e 2, a categoria 4 não é mais
reconhecida pela TIA e os cabos não são mais fabricados, ao contrário
dos cabos de categoria 3, que continuam sendo usados em instalações
telefônicas.
Categoria 5:
Os cabos de categoria 5 são o requisito mínimo para redes 100BASE-TX e
1000BASE-T, que são, respectivamente, os padrões de rede de 100 e 1000
megabits usados atualmente. Os cabos cat 5 seguem padrões de fabricação
muito mais estritos e suportam freqüências de até 100 MHz, o que
representa um grande salto em relação aos cabos cat 3.
Apesar disso, é muito raro encontrar cabos cat 5 à venda atualmente, pois eles foram substituídos pelos cabos categoria 5e (o
"e" vem de "enhanced"), uma versão aperfeiçoada do padrão, com normas
mais estritas, desenvolvidas de forma a reduzir a interferência entre os
cabos e a perda de sinal, o que ajuda em cabos mais longos, perto dos
100 metros permitidos.
Os
cabos cat 5e devem suportar os mesmos 100 MHz dos cabos cat 5, mas este
valor é uma especificação mínima e não um número exato. Nada impede que
fabricantes produzam cabos acima do padrão, certificando-os para
freqüências mais elevadas. Com isso, não é difícil encontrar no mercado
cabos cat 5e certificados para 110 MHz, 125 MHz ou mesmo 155 MHz, embora
na prática isso não faça muita diferença, já que os 100 MHz são
suficientes para as redes 100BASE-TX e 1000BASE-T.
É fácil descobrir qual é a categoria dos cabos, pois a informação vem decalcada no próprio cabo, como na foto:
Cabo cat 5E, certificado para o padrão EIA-568-B |
Os
cabos 5e são os mais comuns atualmente, mas eles estão em processo de
substituição pelos cabos categoria 6 e categoria 6a, que podem ser
usados em redes de 10 gigabits.
Categoria 6:
Esta categoria de cabos foi originalmente desenvolvida para ser usada
no padrão Gigabit Ethernet, mas com o desenvolvimento do padrão para
cabos categoria 5 sua adoção acabou sendo retardada, já que, embora os
cabos categoria 6 ofereçam uma qualidade superior, o alcance continua
sendo de apenas 100 metros, de forma que, embora a melhor qualidade dos
cabos cat 6 seja sempre desejável, acaba não existindo muito ganho na
prática.
Os
cabos categoria 6 utilizam especificações ainda mais estritas que os de
categoria 5e e suportam freqüências de até 250 MHz. Além de serem
usados em substituição dos cabos cat 5 e 5e, eles podem ser usados em
redes 10G, mas nesse caso o alcance é de apenas 55 metros.
Para permitir o uso de cabos de até 100 metros em redes 10G foi criada uma nova categoria de cabos, a categoria 6a ("a"
de "augmented", ou ampliado). Eles suportam freqüências de até 500 MHz e
utilizam um conjunto de medidas para reduzir a perda de sinal e tornar o
cabo mais resistente a interferências. Você
vai encontrar muitas referências na web mencionando que os cabos cat 6a
suportam freqüências de até 625 MHz, que foi o valor definido em uma
especificação preliminar do 10GBASE-T. Mas, avanços no sistema de
modulação permitiram reduzir a freqüência na versão final, chegando aos
500 MHz. Uma
das medidas para reduzir o crosstalk (interferências entre os pares de
cabos) no cat 6a foi distanciá-los usando um separador. Isso aumentou a
espessura dos cabos de 5.6 mm para 7.9 mm e tornou-os um pouco menos
flexíveis. A diferença pode parecer pequena, mas ao juntar vários cabos
ela se torna considerável:
Cabo cat 6a, com o espaçador interno e comparação entre a espessura do mesmo volume de cabos cat 5e e cat 6a. |
É
importante notar que existe também diferenças de qualidade entre os
conectores RJ-45 destinados a cabos categoria 5 e os cabos cat 6 e cat
6a, de forma que é importante checar as especificações na hora da
compra. Aqui
temos um conector RJ-45 cat 5 ao lado de um cat 6. Vendo os dois lado a
lado é possível notar pequenas diferenças, a principal delas é que no
conector cat 5 os 8 fios do cabo ficam lado a lado, formando uma linha
reta, enquanto no conector cat 6 eles são dispostos em zig-zag, uma
medida para reduzir o cross-talk e a perda de sinal no conector:
Embora
o formato e a aparência seja a mesma, os conectores RJ-45 destinados a
cabos cat 6 e cat 6a utilizam novos materiais, suportam freqüências mais
altas e introduzem muito menos ruído no sinal. Utilizando conectores
RJ-45 cat 5, seu cabeamento é considerado cat 5, mesmo que sejam
utilizados cabos cat 6 ou 6a. O
mesmo se aplica a outros componentes do cabeamento, como patch-panels,
tomadas, keystone jacks (os conectores fêmea usados em tomadas de
parede) e assim por diante. Componentes cat 6 em diante costumam trazer a
categoria decalcada (uma forma de os fabricantes diferenciarem seus
produtos, já que componentes cat 6 e 6a são mais caros), como nestes
keystone jacks onde você nota o "CAT 6" escrito em baixo relevo:
Keystone jacks categoria 6. |
Existem também os cabos categoria 7, que podem vir a ser usados no padrão de 100 gigabits, que está em estágio inicial de desenvolvimento. Outro
padrão que pode vir (ou não) a ser usado no futuro são os conectores
TERA, padrãodesenvolvido pela Siemon. Embora muito mais caro e complexo
que os conectores RJ45 atuais, o TERA oferece a vantagem de ser
inteiramente blindado e utilizar um sistema especial de encaixe, que
reduz a possibilidade de mal contato:
Conectores TERA. |
TERA foi cogitado para ser usado no padrão 10GBASE-T, mas a idéia foi
abandonada. Agora ele figura como um possível candidato para as redes de
100 gigabits, embora até o momento nada esteja confirmado. Cabos
de padrões superiores podem ser usados em substituição de cabos dos
padrões antigos, além de trazerem a possibilidade de serem aproveitados
nos padrões de rede seguintes. Entretanto, investir em cabos de um
padrão superior ao que você precisa nem sempre é uma boa idéia, já que
cabos de padrões recém-introduzidos são mais caros e difíceis de
encontrar. Além disso, não existe garantia de que os cabos usados serão
mesmo suportados dentro do próximo padrão de redes até que ele esteja
efetivamente concluído. Por
exemplo, quem investiu em cabos de categoria 6, pensando em
aproveitá-los em redes de 10 gigabits acabou se frustrando, pois no
padrão 10G a distância máxima usando cabos cat 6 caiu para apenas 55
metros e foi introduzido um novo padrão, o 6a. O mesmo pode acontecer
com os cabos categoria 7; não existe nenhuma garantia de que eles sejam
mesmo suportados no padrão de 100 gigabits. Pode muito bem ser
introduzido um novo padrão de cabos, ou mesmo que os cabos de cobre
sejam abandonados em favor dos de fibra óptica. Continuando,
temos também a questão da blindagem, que não tem relação direta com a
categoria do cabo. Os cabos sem blindagem são mais baratos, mais
flexíveis e mais fáceis de crimpar e por isso são de longe os mais
populares, mas os cabos blindados podem prestar bons serviços em
ambientes com forte interferência eletromagnética, como grandes motores
elétricos ou grandes antenas de transmissão muito próximas. Outras
fontes menores de interferências são as lâmpadas fluorescentes
(principalmente lâmpadas cansadas, que ficam piscando), cabos elétricos,
quando colocados lado a lado com os cabos de rede, e até mesmo
telefones celulares muito próximos dos cabos. Este tipo de interferência
não chega a interromper o funcionamento da rede, mas pode causar perda
de pacotes. No
final de cada frame Ethernet são incluídos 32 bits de CRC, que permitem
verificar a sua integridade. Ao receber cada frame, a estação verifica
se a soma dos bits bate com o valor do CRC. Sempre que a soma der
errado, ela solicita a retransmissão do pacote, o que é repetido
indefinidamente, até que ela receba uma cópia intacta. Sobre este
sistema de verificação feito pelas placas de rede (nível 2 do modelo
OSI) ainda temos a verificação feita pelo protocolo TCP (nível 4), que
age de forma similar, verificando a integridade dos pacotes e
solicitando retransmissão dos pacotes danificados. Esta dupla
verificação garante uma confiabilidade muito boa. Mesmo
em uma rede bem cabeada, frames retransmitidos são uma ocorrência
normal, já que nenhum cabeamento é perfeito, mas um grande volume deles
são um indício de que algo está errado. Quanto mais intensa for a
interferência, maior será o volume de frames corrompidos e de
retransmissões e pior será o desempenho da rede, tornando mais vantajoso
o uso de cabos blindados. Os cabos sem blindagem são chamados de UTP (Unshielded
Twisted Pair, que significa, literalmente, "cabo de par trançado sem
blindagem"). Os cabos blindados, por sua vez, se dividem em três
categorias: FTP, STP e SSTP.
Os cabos FTP (Foiled
Twisted Pair) são os que utilizam a blindagem mais simples. Neles, uma
fina folha de aço ou de liga de alumínio envolve todos os pares do cabo,
protegendo-os contra interferências externas, mas sem fazer nada com
relação ao crosstalk, ou seja, a interferência entre os pares de cabos:
Cabo FTP. |
Os cabos STP (Shielded
Twisted Pair) vão um pouco além, usando uma blindagem individual para
cada par de cabos. Isso reduz o crosstalk e melhora a tolerância do cabo
com relação à distância, o que pode ser usado em situações onde for
necessário crimpar cabos fora do padrão, com mais de 100 metros:
Cabo STP. |
Finalmente, temos os cabos SSTP (Screened
Shielded Twisted Pair), também chamados de SFTP (Screened Foiled
Twisted Pair), que combinam a blindagem individual para cada par de
cabos com uma segunda blindagem externa, envolvendo todos os pares, o
que torna os cabos especialmente resistentes a interferências externas.
Eles são mais adequados a ambientes com fortes fontes de interferências:
Cabo SSTP. |
Para melhores
resultados, os cabos blindados devem ser combinados com conectores RJ-45
blindados. Eles incluem uma proteção metálica que protege a parte
destrançada do cabo que vai dentro do conector, evitando que ela se
torne o elo mais fraco da cadeia:
Conectores RJ-45 blindados. |
Quanto
maior for o nível de interferência, mais vantajosa será a instalação de
cabos blindados. Entretanto, em ambientes normais os cabos sem
blindagem funcionam perfeitamente bem; justamente por isso os cabos
blindados são pouco usados. Concluindo,
existem também cabos de rede com fios sólidos e também cabos stranded
(de várias fibras, também chamados de patch), onde os 8 fios internos
são compostos por fios mais finos. Os cabos sólidos são os mais comuns e
são os recomendados para uso geral, pois oferecem uma menor atenuação
do sinal (cerca de 20% menos, considerando dois cabos de qualidade
similar):
Visão interna de um cabo sólido e de um cabo stranded. |
A
única vantagem dos cabos stranded é que o uso de múltiplos fios torna os
cabos mais flexíveis, o que faz com que sejam muitas vezes preferidos
para cabos de interconexão curtos (patch cords), usados para ligar os
PCs à tomadas de parede ou ligar o switch ao patch panel (veja detalhes a
seguir). Dentro
do padrão, os cabos de rede crimpados com cabos stranded não devem ter
mais de 10 metros. Você pode usar um cabo sólido de até 90 metros até a
tomada e um cabo stranded de mais 10 metros até o micro, mas não pode
fazer um único cabo stranded de 100 metros. Embora
seja um detalhe pouco conhecido, existiram conectores RJ-45 próprios
para cabos stranded, onde as facas-contato internas tinham a ponta
arredondada. Estes conectores não funcionavam muito bem com cabos
sólidos (o formato da faca-contato tornava o contato deficiente).
Tínhamos então conectores específicos para cabos sólidos, que utilizavam
facas-contato com três lâminas. Estes
dois tipos foram logo substituídos pelos conectores atuais, onde as
facas-contato são pontudas, de forma a funcionarem bem com os dois tipos
de cabos. Os conectores RJ45 com este tipo de contato (que são
praticamente os únicos usados atualmente) são também chamados de
conectores universais:
Detalhe da faca-contato de um conector RJ-45. |
Categorias de Cabos de redes.
Reviewed by Consultor de Segurança Eletrônica
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22:09:00
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