CAPÍTULO I
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
Art. 1o
O Sistema Nacional de Armas (Sinarm), instituído no Ministério da
Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o
território nacional.
Art. 2o Ao Sinarm compete:
I - identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro;
II - cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País;
III - cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
IV - cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e
outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais,
inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e
de transporte de valores;
V - identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo;
VI - integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
VII - cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
VIII - cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade;
IX - cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas,
exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e
munições;
X - cadastrar a identificação do cano da arma, as características das
impressões de raiamento e de microestriamento de projétil disparado,
conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
XI - informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do
Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo
nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro atualizado para
consulta. Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as
armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais que
constem dos seus registros próprios.
CAPÍTULO II
DO REGISTRO
Art. 3o
É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente. Parágrafo
único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do
Exército, na forma do regulamento desta Lei.
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido, o
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos
seguintes requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões de
antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual,
Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a
processo criminal;
II - apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;
III - comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o
manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento
desta Lei.
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após
atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do
requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta
autorização.
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre
correspondente à arma adquirida e na quantidade estabelecida no
regulamento desta Lei.
§ 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é
obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, como também a
manter banco de dados com todas as características da arma e cópia dos
documentos previstos neste artigo.
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições
responde legalmente por essas mercadorias, ficando registradas como de
sua propriedade enquanto não forem vendidas.
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre
pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização do Sinarm.
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1 o será concedida,
ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de trinta dias úteis, a
contar da data do requerimento do interessado.
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
Art. 5o
O Certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o
território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo
exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou
dependência desses, desde que seja ele o titular ou o responsável legal
do estabelecimento ou empresa.
§ 1o O Certificado de Registro de Arma de Fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4 o
deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a três
anos, na conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para a
renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
§ 3o Os registros de propriedade, expedidos pelos órgãos estaduais,
realizados até a data da publicação desta Lei, deverão ser renovados
mediante o pertinente registro federal no prazo máximo de três anos.
CAPÍTULO III
DO PORTE
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para:
I - os integrantes das Forças Armadas;
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal;
III - os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e
dos Municípios com mais de quinhentos mil habitantes, nas condições
estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de
cinqüenta mil e menos de quinhentos mil habitantes, quando em serviço;
V - os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os
agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República;
VI - os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
VII - os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais,
os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;
VIII - as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei;
IX - para os integrantes das entidades de desporto legalmente
constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de
fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a
legislação ambiental.
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI deste artigo
terão direito de portar arma de fogo fornecida pela respectiva
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, na forma do
regulamento, aplicando-se nos casos de armas de fogo de propriedade
particular os dispositivos do regulamento desta Lei.
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo dos integrantes das
instituições descritas nos incisos V, VI e VII está condicionada à
comprovação do requisito a que se refere o inciso III do art. 4o, nas
condições estabelecidas no regulamento desta Lei.
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais
está condicionada à formação funcional de seus integrantes em
estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de
mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições
estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do
Comando do Exército.
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do
Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam
dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo
artigo, na forma do regulamento desta Lei.
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, que comprovem depender do emprego
de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar, será
autorizado, na forma prevista no regulamento desta Lei, o porte de arma
de fogo na categoria "caçador".
§ 6o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram
regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em
serviço.
Art. 7o
As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança
privada e de transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão
de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas empresas,
somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas observar
as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte
expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança
privada e de transporte de valores responderá pelo crime previsto no
parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções
administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de
extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua
guarda, nas primeiras vinte e quatro horas depois de ocorrido o fato.
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar
documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes
do art. 4 o desta Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm.
Art. 8o
As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente
constituídas devem obedecer às condições de uso e de armazenagem
estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o
autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta
Lei.
Art. 9o
Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os
responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou
sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento
desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo
para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes
estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no
território nacional.
Art. 10.
A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o
território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será
concedida após autorização do Sinarm.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com
eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos
regulamentares, e dependerá de o requerente:
I - demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
II - atender às exigências previstas no art. 4 o desta Lei;
III - apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente.
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo,
perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou
abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas
ou alucinógenas.
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos:
I - ao registro de arma de fogo;
II - à renovação de registro de arma de fogo;
III - à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
IV - à expedição de porte federal de arma de fogo;
V - à renovação de porte de arma de fogo;
VI - à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo.
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção das
atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando do Exército, no
âmbito de suas respectivas responsabilidades.
§ 2o As taxas previstas neste artigo serão isentas para os proprietários
de que trata o § 5 o do art. 6 o e para os integrantes dos incisos I,
II, III, IV, V, VI e VII do art. 6o, nos limites do regulamento desta
Lei.
CAPÍTULO IV
DOS CRIMES E DAS PENAS
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
Art. 12.
Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de
uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no
interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local
de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Omissão de cautela
Art. 13.
Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de
dezoito anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de
arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena - detenção, de um a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor
responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem
de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras vinte
quatro horas depois de ocorrido o fato.
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Art. 14.
Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo único. O
crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo
estiver registrada em nome do agente.
Disparo de arma de fogo
Art. 15.
Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta
não tenha como finalidade a prática de outro crime:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 16.
Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I - suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
II - modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de
dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial,
perito ou juiz;
III - possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar;
IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado;
V - vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17.
Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda,
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório
ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para
efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação
ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
residência.
Tráfico internacional de arma de fogo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou
saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
Art. 19.
Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20.
Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada
da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas
referidas nos arts. 6o, 7o e 8 o desta Lei.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória.
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do disposto nesta Lei.
Art. 23.
A classificação legal, técnica e geral, bem como a definição das armas
de fogo e demais produtos controlados, de usos proibidos, restritos ou
permitidos será disciplinada em ato do Chefe do Poder Executivo Federal,
mediante proposta do Comando do Exército.
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar
acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras, gravado na
caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do
adquirente, entre outras informações definidas pelo regulamento desta
Lei.
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedidas
autorizações de compra de munição com identificação do lote e do
adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de um ano da data de
publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de segurança e de
identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo regulamento desta
Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2
o desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a
produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio
de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o
porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e
caçadores.
Art. 25.
Armas de fogo, acessórios ou munições apreendidos serão, após
elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, encaminhados pelo
juiz competente, quando não mais interessarem à persecução penal, ao
Comando do Exército, para destruição, no prazo máximo de quarenta e oito
horas.
Parágrafo único. As armas de fogo apreendidas ou encontradas e que não
constituam prova em inquérito policial ou criminal deverão ser
encaminhadas, no mesmo prazo, sob pena de responsabilidade, pela
autoridade competente para destruição, vedada a cessão para qualquer
pessoa ou instituição.
Art. 26.
São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de
brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se
possam confundir. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e
os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de
usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército.
Art. 27.
Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição
de armas de fogo de uso restrito. Parágrafo único. O disposto neste
artigo não se aplica às aquisições dos Comandos Militares.
Art. 28.
É vedado ao menor de vinte e cinco anos adquirir arma de fogo,
ressalvados os integrantes das entidades constantes dos incisos I, II e
III do art. 6o desta Lei.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já concedidas expirar-se-ão noventa dias após a publicação desta Lei.
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de validade
superior a noventa dias poderá renová-la, perante a Polícia Federal, nas
condições dos arts. 4o, 6 o e 10 desta Lei, no prazo de noventa dias
após sua publicação, sem ônus para o requerente.
Art. 30.
Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas
deverão, sob pena de responsabilidade penal, no prazo de cento e oitenta
dias após a publicação desta Lei, solicitar o seu registro apresentando
nota fiscal de compra ou a comprovação da origem lícita da posse, pelos
meios de prova em direito admitidos.
Art. 31.
Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente
poderão, a qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante
recibo e indenização, nos termos do regulamento desta Lei.
Art. 32.
Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas
poderão, no prazo de cento e oitenta dias após a publicação desta Lei,
entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e, presumindo-se a
boa-fé, poderão ser indenizados, nos termos do regulamento desta Lei.
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo e no art. 31, as
armas recebidas constarão de cadastro específico e, após a elaboração de
laudo pericial, serão encaminhadas, no prazo de quarenta e oito horas,
ao Comando do Exército para destruição, sendo vedada sua utilização ou
reaproveitamento para qualquer fim.
Art. 33.
Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00
(trezentos mil reais), conforme especificar o regulamento desta Lei:
I - a empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo,
fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio, faça,
promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição sem a
devida autorização ou com inobservância das normas de segurança;
II - à empresa de produção ou comércio de armamentos que realize
publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado de armas de
fogo, exceto nas publicações especializadas.
Art. 34.
Os promotores de eventos em locais fechados, com aglomeração superior a
mil pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências
necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas, ressalvados os
eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5 o da Constituição Federal.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos serviços de
transporte internacional e interestadual de passageiros adotarão as
providências necessárias para evitar o embarque de passageiros armados.
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 35.
É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o
território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6o desta
Lei.
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação
mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de 2005.
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto neste artigo
entrará em vigor na data de publicação de seu resultado pelo Tribunal
Superior Eleitoral.
Art. 36. É revogada a Lei n o 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182 o da Independência e 115o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Márcio Thomaz Bastos
José Viegas Filho Marina Silva
ANEXO
TABELA DE TAXAS
Esse é o teor do longo Estatuto do Desarmamento e a população precisa
compreendê-lo. Acredito que cabe a nós traduzi-lo em linguagem mais
simples, mais acessível, para que todos o entendam!
Outro assunto que gostaria de abordar é sobre o crescimento desordenado
da população. Assisti domingo no "Fantástico" uma matéria muito triste,
onde apareciam senhoras com 35 anos de idade e que já tinham 10 filhos!
Uma família simples, sem recursos, não tem condições de tomar conta de
tantas crianças, e aí começam os problemas e suas conseqüências!
Apresentei um Projeto nesta Casa, que é o de nº 893/91, há 14 anos
atrás. Esse Projeto trata do Planejamento Familiar. O Governador da
época, Mário Covas, vetou o mesmo. Contudo, esta Casa em 1995 derrubou o
veto e o Projeto transformou-se em Lei. Isso significa que é Lei no
Estado de São Paulo o Planejamento Familiar, e ela precisa ser cumprida.
Faço um apelo ao Sr. Presidente para que informe ao Sr. Governador dessa
Lei, porque ela existe e precisa ser colocada em prática. Tenho certeza
de que o Governador Alckmin, um médico dedicado, um administrador que
vem realizando um grande trabalho, pois se preocupa muito com a
população do nosso Estado, tomará as devidas providências!
Embora estejamos muito atrasados nesse aspecto, sua aplicação é
imprescindível, porque a população está crescendo desordenadamente, o
que significa também o aumento de muitos e variados problemas! Muito
obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados e aos presentes nas galerias, o
meu abraço. (Manifestação nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Srs. Deputados, a
Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença de membros do
Sindicato dos Agentes Fiscais de Renda do Estado de São Paulo. Aos
senhores as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)
Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra a
nobre Deputada Ana Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado
Waldir Agnello. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio.
(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira. (Pausa.) Tem a
palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre
Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado
Ubiratan Guimarães. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro
Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Carlos Stangarlini.
(Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Havanir Nimtz (Pausa.)
Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.
Tem a palavra o nobre Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o
nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado
Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Romeu Tuma. (Pausa.)
Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) o Tem a
palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o
nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado
Luis Carlos Gondim.
O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente,
Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, representantes do
Sindicato dos Agentes Fiscais de Renda que lutam pela isonomia salarial,
gostaria de dizer que na reunião do Colégio de Líderes realizada hoje o
projeto de vocês foi abordado. Sejam bem-vindos. Que possamos votar o
mais rápido possível. (Manifestação nas galerias.)
Alguns membros da Comissão de Finanças e Orçamento, através de suas
visitas regionais - os Deputados Caldini Crespo, Enio Tatto e Ana -
estiveram ontem em Mogi das Cruzes para visitar o Alto Tietê e discutir
emendas ao Orçamento que será votado até dezembro deste ano.
Observamos Vereadores e membros da sociedade, representantes das
sociedades amigos de bairros mostrando as necessidades. E justamente
emendas aparentemente pontuais, só que elas ocorrem em vários
municípios. Tivemos assim discussões de assuntos como a falta de
cemitério em Salesópolis e Biritiba, onde não se tem como enterrar
qualquer cristão e está se exportando pessoas que morrem naquela cidade.
Não pode, é proibido morrer, e as pessoas quando morrem são exportadas
para outra cidade. Hoje também o Governador irá receber esses Prefeitos
para discutir esses assuntos que são justamente sobre cemitérios.
Emendas pontuais sobre a falta de uma universidade, ou de uma Fatec, ou
de uma Escola Técnica Agrícola. Onde mais se produz verduras e legumes
no Estado de São Paulo não se tem uma Fatec; como na região do Alto
Tietê não se tem uma escola agrícola, no cinturão verde que representa
tão bem a nossa Serra do Itapeti e que mostra que somos os grandes
produtores de verduras e legumes no Estado de São Paulo e talvez no
Brasil. E essas emendas pontuais chamavam atenção justamente da
Comissão. O Deputado Caldini, Crespo comentando hoje comigo disse "em
nenhuma das 41 reuniões feitas no estado inteiro nunca vimos alguém
comentar e pedir cemitério, nunca vimos muitos pedidos de Fatec, mas
pedidos como"nós não queremos lixão, queremos ter aterro próprio para a
cidade, discussões de assuntos como as passagens de níveis. Na Grande
São Paulo tem 13 passagens de níveis, 9 são dentro de Mogi das Cruzes e
não se faz viadutos ou túneis para evitar essas passagens de níveis."
Sr. Presidente, quando fazíamos emendas pontuais relacionadas com o Alto
Paranapanema, ou com o Alto Tietê, ou com o Médio Tietê observávamos
que a cada dia que passa a população está querendo discutir política,
mas que ela está sofrendo os problemas de perto e que nós aqui não
estamos repercutindo o que a população está pedindo. Precisamos atender e
fazer essa emenda ao orçamento. O que adianta o Estado estar com a
economia de nove ou doze bilhões se não dá uma atenção ao aumento de
vocês, se não faz o planejamento familiar que defendemos desde que
estamos aqui, junto com o nobre Deputado Antonio Salim Curiati, para uma
população que não pode conseguir pílula anticoncepcional adequada, não
pode conseguir dispositivo intra-uterino? Minha gente, não adianta ter
dinheiro guardado em cofre, a população tem de ser atendida, seja em
estradas vicinais, para trazer o que se produz por essas estradas, seja
até o caso de Biritiba e Salesópolis, cemitério, porque não se tem onde
enterrar nenhum cristão nessas duas cidades. Muito obrigado, Sr.
Presidente, Srs. Deputados.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Tem a palavra o
nobre Deputado Milton Flávio.(Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado
Antonio Mentor (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei
Siraque, pelo tempo regimental de cinco minutos.
O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, também
apoiamos a proposta de emenda nº 2, que é a isonomia do teto salarial
entre Legislativo, Executivo e Judiciário.
Mas o assunto que nos traz hoje aqui é o referendo ocorrido no domingo,
dia 23, no qual a população fez uma opção pelo "não". Eu apoiei o "sim",
no entanto, respeito o resultado, até porque a soberania popular deve
prevalecer em qualquer hipótese. Lamento por aqueles que se abstiveram,
que não foram dizer nem "sim" nem "não".
Não quero aqui ser tutor da população, pois, certamente, a maioria da
população defende o desarmamento. Mesmo aqueles que votaram "não"
defendem a política do desarmamento. Uns devem ter votado "não" porque
estavam com raiva do Prefeito, outro com raiva do presidente da
República, outro com raiva do Governador, mas a maioria certamente é
pela crença que uma arma de fogo poderia defender um cidadão de um
assalto, e outros pela cultura do medo, pela cultura terrorista que foi
espalhada na nossa sociedade.
Muitos imaginam que todos poderão comprar arma de fogo e a notícia é a
seguinte: pelo menos temos o estatuto do desarmamento, apesar de nós do
"sim" querermos dar um passo adiante. Com o estatuto do desarmamento, se
for mantido como está, mesmo que o artigo 35
seja excluído e vai ser excluído porque a soberania popular decidiu,
mesmo assim as pessoas não poderão comprar arma de fogo a seu bel
prazer. Por que? Em primeiro lugar uma pessoa para ter uma arma
regularizada precisa gastar entre 3 ou 4 mil reais, precisa ter acima de
25 anos de idade, precisa estar empregado, precisa demonstrar a
necessidade e ainda que sabe utilizar uma arma. Espero que aqueles que
defenderam o "não" agora montem escolinhas para que as pessoas possam
aprender a dar tiro, afinal de contas prometeram uma ilusão e vão ter
que se explicar perante a população; estamos aguardando. Talvez aqueles
que defenderam o "não" agora vão garantir mais segurança para você que
está na sua casa nos assistindo neste momento. Agora a responsabilidade é
deles.
Se fosse "sim", teríamos que ser os responsáveis, como foi o "não" que
venceu o referendo, terão que cumprir o que prometeram e eles prometeram
que cada um ia ter uma arma para se defender. Espero que agora saiam
por aí fazendo suas campanhas e cumprindo o que prometeram. Mas o que
estamos vendo é outra coisa. O Sr. Alberto Fraga, Presidente nacional do
Comitê do "não" diz que já vai pedir dinheiro para a Companhia
Brasileira de Cartuchos. Esperamos que o Ministério Público do Estado e
que o Ministério Público Federal investiguem como é que foi essa
campanha, porque a resolução do Tribunal Superior Eleitoral é muito
clara quanto às formas de financiamento. Esperamos que não haja qualquer
outro tipo de mecanismo. Vamos ver o que vai acontecer.
Entendemos também que o desarmamento tem de continuar, e as fábricas de
armas e munições têm de ser investigadas. Nada de fazer exportação para o
Paraguai, Uruguai, Colômbia, Argentina, e essas munições,
misteriosamente, aparecerem no Brasil.
Esperamos que as empresas que apoiaram o "não" sejam fiscalizadas, que a
lei seja cumprida, porque, apesar da exclusão do Art. 35, da Lei
10.826, queremos que os demais artigos sejam cumpridos, porque nosso
objetivo é reduzir a violência no Brasil. Que o número de homicídios por
motivos banais diminua, que o número de acidentes domésticos - que
alguns, irresponsavelmente, disseram não existir, mas ocorre um a cada
sete horas no Brasil - seja reduzido. Essa luta não foi em vão.
Continuamos entendendo que segurança pública é direito do cidadão e
responsabilidade dos poderes públicos, nas três esferas de Governo.
Por fim, desejamos cumprimentar o município de Diadema, um exemplo para o
Brasil e um dos exemplos no mundo, na área de políticas públicas de
segurança. E lá venceu o "sim", porque o povo de Diadema é bastante
consciente. Parabéns à população de Diadema e aos 40% de paulistas que
votaram no "sim". Não podemos, porém, deixar de cumprimentar também os
que tiveram outra opção, porque os respeitamos da mesma forma.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Alberto Turco Loco Hiar.
O SR. ALBERTO TURCO LOCO HIAR - PSDB - Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, ouvi a fala do Deputado Vanderlei Siraque, Deputado de Santo
André, e quero dizer que concordo com a sua fala. Gostaria, porém,
Deputado, de perguntar a V. Exa. - até porque o Deputado é do PT - o
motivo pelo qual o Governo Federal só investiu 9% dos recursos na área
de segurança. Por que, até agora, o Governo Federal não teve uma
preocupação maior com essa questão que tanto incomoda a população,
principalmente de São Paulo e das grandes metrópoles? Talvez o Deputado
possa responder desta tribuna, uma vez que o Governo Federal, que se tem
mostrado "tão competente" em todas as áreas poderia, pelo menos, se
preocupar com a camada mais pobre da sociedade que tanto sofre com a
violência.
Ontem estava assistindo a um jornal, que atinge o Brasil inteiro, na
televisão, mostrando o problema da seca da região Norte. Fiquei muito
comovido quando um pai de família disse que, naquele dia, não tinha o
que comer. A sua sorte foi um vizinho, que lhe deu um copo de feijão.
Ele, com esse copo de feijão, conseguiu atender à necessidade de sua
família.
Em seguida, entrou o intervalo e passaram o comercial do Governo Federal
falando do Fome Zero, da beleza, Deputado Pedro Tobias, que é esse
programa que atinge toda a população do Brasil. Parecia que ninguém mais
passava fome no nosso País.
Como é antagônico. Primeiro, um jornal de grande circulação nacional
fala da fome, da miséria, da pobreza de alguns índios morrendo por causa
de doenças, da seca, que assola a região Norte do País. Aí, aparece a
propaganda do Governo Federal - mais uma vez, mentindo para a população -
dizendo que o Fome Zero é hoje uma grande revolução no Brasil inteiro.
Ou seja, o Governo Lula pensa que vive em outro país. E realmente vive,
porque ele vive na Rússia, nos países da América Latina, na África. Só
não vive no Brasil, porque não gosta de governar - e não sabe - o país
onde foi eleito.
Fico muito triste, porque vejo que na área da juventude, por exemplo,
não se fez nada. O Programa Primeiro Emprego não evoluiu. Esse programa é
uma farsa. Pergunto a algum jovem que nos está assistindo pela TV
Assembléia se esse programa chegou até você, ou mesmo se chegou ao
conhecimento de uma dona de casa, de um pai de família. Os senhores
viram seu filho sendo capacitado para o mercado de trabalho? Ele
conseguiu participar de algum programa que lhe oferecesse condições para
disputar uma vaga no mercado de trabalho? É tudo uma mentira. Como é
uma mentira esse Governo Lula, que engana a população, que mente, quando
gasta milhões nas suas campanhas milionárias que resultam no
"valerioduto". De onde vem o dinheiro do "valerioduto"? Vem dessas
campanhas falsas, mentirosas, que não dizem nada com nada, que
apresentam números fictícios, que têm números projetados para o futuro,
mas não representam aquilo que está acontecendo agora.
A população brasileira, a população do Estado de São Paulo, precisa
tomar conhecimento desses fatos. Está na hora de o Lula sentar na
cadeira de Presidente e governar para povo brasileiro, para o povo que
acreditava em uma mudança, que sua vida iria melhorar com este Governo. E
nada disso aconteceu.
Não se tem mais perspectiva neste Governo. Este Governo chega ao fim sem
dar nenhuma esperança ao povo brasileiro. Esse povo está vivendo de uma
mentira, de comerciais produzidos em uma agência de propaganda: ou do
Duda Mendonça, ou de algum amigo do Duda Mendonça. Até agora, pagava-se a
agência do Marcos Valério e, agora, pode estar se criando um novo
Marcos Valério.
Ficamos muito triste ao ver o povo brasileiro passando fome, e o Governo
Federal sem fazer nada. O Lula não teve a capacidade de ir até a região
Norte presenciar o que está passando aquele povo. Ele e sua esposa
gostam muito de fazer essas viagens dispendiosas, gastando milhões para
tentar uma relação internacional que não chega a lugar nenhum.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias.
O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados presentes
nesta sessão, venho hoje a esta tribuna para dizer que, ontem, no Clube
Holmes, organizado pela Fundação Mário Covas, realizou-se Ato Público
pela Ética na Política.
Mário Covas foi um homem que passou sua vida lutando, brigando, pela
ética e moral. Inclusive, na época do regime militar, foi cassado por
causa da sua opinião. Fico feliz com a iniciativa dessa fundação, tipo
escola de ética na política. Ética na política não é só não roubar e não
deixar roubar, mas também ser um governante eficiente, que trabalhe
bem, produza, porque desperdício é antiético. O governante pode até não
roubar, mas, se governar sem eficiência, sem seriedade com o dinheiro
público, ele é antiético, porque há o desperdício. E, com isso, falta
saúde, segurança.
Também falaram do referendo. O resultado desse referendo expressa a
revolta da população porque o cidadão está abandonado na área da
segurança.
Hoje, li no jornal "O Estado de S.Paulo" que o dinheiro do Fundo do
Ministério da Justiça, que é igual ao da Saúde e à da Educação, deveria
ser repassado para o Estado, para o Estado combater a violência.
Infelizmente, nem 8% do que foi aprovado no orçamento do ano passado
para este ano foi liberado.
Votei "sim" no referendo, mas não consegui convencer a minha mulher, que
votou "não". Por quê? Porque para o bandido não vão faltar armas, o
contrabando é aberto nas fronteiras. Votei "sim" porque, no mínimo,
evitar-se-ia muitas mortes por briga no trânsito, por brigas nos bares e
dentro de casa. Assumo que votei "sim" e pedi votos para o "sim" mas,
infelizmente, posso ter sido incompetente porque não consegui convencer
nem a minha esposa, que votou "não".
Neste referendo o povo deu um cartão amarelo para os políticos, deu um
cartão amarelo para todos nós. Nós, do PSDB, aceitamos que não somos
donos da verdade e falhamos também. Fazemos muitas coisas, mas falta
muito ainda.
Logo no primeiro dia de governo o Ministro Márcio Thomaz Bastos disse
que o Governo Lula iria construir presídio de segurança máxima, mas até
agora só está no papel. Estados como Santa Catarina, Espírito Santo e
outros brigam porque ninguém quer Fernandinho Beira-Mar em seus
presídios. Precisamos combater o contrabando e as drogas, mas
infelizmente gastaram apenas 8% com segurança.
No Governo Covas tínhamos 50 mil presos em São Paulo. Hoje há 150 mil.
Infelizmente, se continuar crescendo dessa forma, não sobrará dinheiro
nem para investimentos, nem para aumentar o salário dos funcionários. É
um crescimento absurdo e assustador e todos nós somos os culpados:
governos municipais, governos estaduais, governo federal e a sociedade,
porque o desemprego gera violência. A falta de dinheiro, de saúde, de
boas escolas causam todos esses problemas.
É fácil a oposição reclamar. O PT sempre está aqui criticando o nosso Governador.
Quero dizer que acompanhei o Governador neste final de semana em Assis,
uma região agrícola, onde S. Exa. liberou 110 milhões para a duplicação e
reforma de estradas e mais de quatro milhões para o hospital estadual
de Assis e para a Santa Casa. De modo que o país, para criar empregos,
tem de dar condições logísticas como estradas e aeroportos. Foram
liberados 10 milhões para o nosso aeroporto de Bauru, que tem previsão
para término da obra até março do ano que vem.
É este o papel do governo, do Poder Público: criar condições de
trabalho, criar condições logísticas. Quem cria empregos é a iniciativa
privada.
Lamento por ter perdido o meu voto. Mas vamos para frente porque eu,
como médico, luto pela vida. Se salvarmos uma vida num ano por briga de
bar ou briga no trânsito, vale a pena. Uma vida é uma vida, não é um
buraco numa estrada ou a falta de construção de presídio.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Esgotada a lista de
oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à
Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.
O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PDT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente,
Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, estivemos com o
Prefeito de Carapicuíba Fuad Gabriel Chucre, do PSDB, pessoa voltada
para a defesa intransigente dos interesses daquela cidade, na zona oeste
de São Paulo. O reclamo maior do Prefeito é a falta de condições para
atender a demanda na área da Saúde, que é crescente.
É bom que se diga que o orçamento da cidade contempla 34% para a área da
Saúde e com o processo de municipalização que houve naquele município
no que tange ao setor da Saúde realmente ficou extremamente difícil.
Notem que esses 34% do orçamento do município aplicado no setor de Saúde está acima do que a própria Constituição Federal estabelece como verba vinculada no orçamento para a Saúde.
Srs. Deputados, neste instante quero fazer um apelo ao Governo do
Estado, ao Secretário Barradas - pessoa muito sensível a essas questões -
em relação a uma despesa mensal recorrente que o município de
Carapicuíba dispensa para atender a crescente demanda daquela região,
uma população de quase 500 mil habitantes, além das cidades ali do
entorno, que sempre procuram os hospitais da cidade.
Verificamos por parte do Governo do Estado um repasse apenas de 500 mil
reais aproximadamente para uma despesa recorrente mensal de cerca de
dois milhões de reais que o município investe no setor de Saúde.
É por isso que o Prefeito Fuad está sempre em contato com o Palácio dos
Bandeirantes procurando fazer com que essa defasagem seja, pelo menos,
equilibrada. Que ofereça condições de aplicação dos recursos não apenas
em relação à manutenção do setor de Saúde, mas em investimentos para a
aquisição de aparelhos médicos a fim de se atender as demandas na área
de especialização, que é muito importante para a população daquela
cidade. Fica aqui o apelo deste Parlamentar ao Secretário Barradas, que
tem sido sensível a essas questões e atendido as demandas que
encaminhamos.
Faço também um apelo ao Governador Geraldo Alckmin, que recentemente
autorizou a construção de uma Fatec na cidade de Carapicuíba, que vai
ajudar sobremaneira a juventude daquela região para se capacitar para o
mercado de trabalho. Carapicuíba, sob a administração do Prefeito Fuad,
tem-se mostrado uma cidade pujante, uma cidade que tem investido não
somente na área da Saúde, mas também na área da infra-estrutura, no
setor da habitação, saneamento básico.
Em relação ao problema daquela lagoa próxima à entrada da cidade e que
já foi objeto de muitas discussões, o processo está em encaminhamento no
que tange à regularização das necessidades ambientais daquele
município.
Fica o apelo deste Deputado para que o Governo do Estado, na pessoa do
Secretário Luiz Barata Barradas, venha a atender o município de
Carapicuíba trazendo recursos para pelo menos equilibrar a conta
corrente da Saúde daquele município. Repito, o município tem atendido
com 34% do seu orçamento, muito acima do percentual exigido pela Constituição Federal.
O Sr. Presidente - Sebastião Batista Machado - PV - Srs. Deputados,
esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande
Expediente.
* * * - Passa-se ao GRANDE EXPEDIENTE
* * * O Sr. Presidente - Sebastião Batista Machado - PV - Srs.
Deputados, tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.) Tem a
palavra o nobre Deputado Vicente Cândido. (Pausa.)
O SR. Vanderlei Siraque - PT - Sr. Presidente, por cessão de tempo do nobre Deputado Vicente Cândido, solicito usar a palavra.
O Sr. Presidente - Sebastião Batista Machado - PV - Srs. Deputados, tem a
palavra, por cessão de tempo do nobre Deputado Vicente Cândido, o nobre
Deputado Vanderlei Siraque, pelo prazo regimental de 15 minutos.
O SR. Vanderlei Siraque - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, estava
falando anteriormente sobre o referendo ocorrido no último domingo.
Apoiamos o voto "sim", fizemos a campanha mas ganhou o "não" até com uma
margem de votos bastante surpreendente.
Se houve o referendo, respeitamos a vontade popular. A vontade geral de
nação foi pela exclusão do Art. 35 da Lei nº 10.826, que permite a venda
de armas de fogo e munição para civis. Devemos respeitar a decisão do
povo, até porque o poder emana do povo, pertence ao povo, que pode
exercê-lo diretamente ou através de representantes eleitos.
No Estado de São Paulo, onde 40% das pessoas votaram "sim" e 60% votaram
"não", entendemos que esse voto não foi necessariamente um voto a favor
das armas. Se é que podemos interpretar a vontade popular, mas enquanto
representantes temos que, pelo menos, procurar interpretá-la,
entendemos que o povo votou "não" pela cultura do medo, porque na dúvida
o povo preferiu não mudar, permanecer da maneira como está.
Entendemos, também, que o povo fez um protesto contra a falta de
políticas públicas nas três esferas de governo, contra a falta de
políticas públicas de prevenção à violência urbana e à violência rural.
Chegamos a essa conclusão tendo em vista que onde a presença do Estado é
visível o povo votou "sim". O exemplo que havia citado foi o Município
de Diadema. Essa cidade tem tido sucesso na prevenção da violência
urbana. Nos últimos três anos o número de homicídios foi reduzido pela
metade em Diadema. Nesse sentido queremos parabenizar o Prefeito José de
Filippi Júnior, do Partido dos Trabalhadores; a Secretária Regina Mick;
o Dr. Maximino, que foi o fundador da Secretaria Municipal de Defesa
Social, que muitos chamam de Secretaria Municipal de Segurança.
No município de Diadema existe uma integração, existe um verdadeiro
Sistema Único de Segurança. Há integração entre as Polícias Civil e
Militar e a Guarda Municipal e há integração em políticas públicas das
três esferas de governo: municipal, estadual e federal.
Em Diadema entendeu-se que Segurança Pública não é apenas uma questão de
Polícia. É também uma questão de Polícia, mas, antes de tudo, é uma
questão de prevenção. O que a Polícia faz, na verdade, é enxugar gelo, é
ir atrás de bandidos. Se o bandido está num lugar e a Polícia o
espanta, ele vai roubar, vai assaltar, vai assassinar em outros locais.
Naquele município temos projetos como o do Menor Aprendiz, para preparar
o nosso jovem para que ele não se transforme num bandido no futuro. Lá
tem o Programa de Renda Mínima; tem o projeto do primeiro emprego para
jovens de 16 a 24 anos de idade; tem investimento em áreas degradadas,
como em favelas que têm políticas de educação para a sociedade. Não só a
educação no aspecto formal mas especialmente a educação participativa,
através dos conselhos na área da Saúde, nas escolas públicas e, em
especial, o Orçamento Participativo, através do qual a população decide
onde arrecadar e onde gastar o dinheiro público.
Portanto, onde o Estado está presente a população sente-se mais segura. A
partir do momento em que o Estado ficou ausente durante todos esses
anos, a população de fato ficou desconfiada e acabou optando pela forma
mais conservadora, não no sentido pejorativo, mas no sentido de manter
as coisas como estão.
Entendemos que devemos continuar lutando pelo desarmamento, pela
restrição das armas. A arma é um instrumento que não tem outra
finalidade a não ser matar uma pessoa. Os estudos técnicos indicam que
uma pessoa com uma arma na mão tem 180 vezes mais chance de levar a pior
de um bandido do que se ela não possuísse uma arma de fogo. Portanto,
arma é bom nas mãos da Polícia, nas mãos dos agentes de segurança
pública, nas mãos das Polícias Civil, Militar e Federal.
Está na hora de o Governo do Estado e de o Governo Federal fazerem uma
campanha para o desarmamento dos bandidos. Esperamos que os Deputados
que apoiaram o outro voto também nos ajudem nesse sentido, porque vamos
cobrar dos governos o desarmamento dos bandidos.
Temos em circulação cerca de 15 milhões de armas clandestinas. é
importante que essas armas sejam apreendidas. Esperamos que também sejam
tomadas providências em relação àqueles que por corrupção, por motivos
não éticos ou por motivos podres fazem com que essa arma volte às mãos
dos bandidos.
Esperamos que o Ministério Público Federal e dos Estados investiguem as
exportações de armas para Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia e pelas
empresas brasileiras. Tenho dúvida se todas essas armas chegam lá ou se
ficam aqui e vão parar nas mãos dos bandidos. Portanto, vamos continuar
a luta pelo desarmamento. Vamos continuar a luta pela prevenção da
violência urbana neste país.
E, por fim, quero dizer que nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, estamos apoiando a Emenda constitucional nº 2,
desta Casa, que garante a isonomia do teto salarial entre os Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, conforme os desembargadores do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Cedo o restante do meu tempo ao nobre Deputado do Donizete Braga.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Tem a palavra o
nobre Deputado Donisete Braga, por cessão de tempo do nobre Deputado
Vanderlei Siraque.
O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público que
nos acompanha das galerias, telespectadores da TV Assembléia, ouvintes
da Rádio Assembléia, leitores do Diário Oficial, quero agradecer ao
Deputado Vanderlei Siraque, meu companheiro de bancada, que tem sido o
parlamentar com a responsabilidade de representar a Bancada do PT na
Comissão de Segurança Pública. Com muita serenidade, ele discutiu e
debateu aqui no plenário com parlamentares a questão do referendo.
Primeiro, quero dizer que foi muito importante o Brasil ter realizado,
no final de semana, o maior referendo da sua história. Sem dúvida
alguma, quando os governantes, quando as instituições permitem que a
população brasileira faça a sua opção, através do voto, realmente
estamos num processo de consolidação das nossas instituições. Isso faz
com que a cada instante a nossa democracia seja fortalecida.
Gostaria de dizer que votei no "Sim" no referendo, em primeiro lugar por
uma questão de caráter pessoal, pois nunca fui assaltado, felizmente, e
nunca portei uma arma. E esta relação está vinculada ao cotidiano de
cada cidadão que já vivenciou uma experiência muito negativa, quando
teve um ente querido assassinado, ou então assaltado. Acredito que se
expressou uma relação sentimental em relação ao referendo que foi
realizado no último final de semana.
Não podemos tentar separar a questão da segurança, da violência, por
responsabilidade de governantes. Entendo que o Governo Federal tem uma
parcela enorme de responsabilidade, seja na discussão com os 26 estados
da federação e Distrito Federal, na distribuição dos recursos, da mesma
forma que os Governadores também têm a responsabilidade de fazer com que
tenhamos uma Polícia Militar e Civil com estrutura e investimentos
garantidos, no sentido de restabelecer uma relação de confiança entre os
cidadãos e aqueles que têm a responsabilidade de os proteger.Temos que
estruturar tanto a Polícia Militar, como a Polícia Civil, dando
condições para restabelecer esse ponto de confiança.
Quero relatar uma experiência muito importante. Das 645 cidades do
Estado de São Paulo, somente três cidades - salvo engano - tiveram a
vitória do "Sim".
Quero exemplificar o modelo de gestão que está sendo desenvolvido pelo
Prefeito José de Filippi, da cidade de Diadema. Atualmente Diadema conta
com quase 400 mil habitantes. Ela está localizada no Grande ABC
paulista e, há décadas, as pessoas tinham vergonha de dizer que moravam
em Diadema.
O Prefeito municipal estabeleceu uma política importantíssima, que teve
lá suas polêmicas, como o fechamento dos bares após as 23 horas. O
resultado tem que ser compartilhado não só no referendo que tivemos no
último final de semana, onde na cidade de Diadema, por uma diferença
ainda que pequena, venceu o "Sim". Essa é uma demonstração de que o
cidadão de Diadema reconheceu que houve investimentos e preocupação no
sentido de diminuir a violência naquele município.
E hoje podemos fazer este registro neste microfone. Essa política tem
que ser copiada por Prefeitos municipais e pelo Governador do Estado de
São Paulo, que é o estado mais importante da nossa federação, e tem que
dar o exemplo de investimento da segurança pública. Os paulistas e
paulistanos aguardam com muita expectativa que o Governador Geraldo
Alckmin tenha uma política séria de investimentos na questão da
segurança pública.
Não tenho dúvida alguma de que quando o gestor público compartilha a
discussão sobre as políticas públicas, sérias, certamente a população
restabelece sua credibilidade. Sabemos que hoje a relação de confiança
entre a população e as Polícias Civil e Militar está muito baixa.
Precisamos retomar essa relação, para que possamos ter uma melhor
segurança, onde as pessoas se sintam seguras nos seus lares e no seu
diaadia.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder.
O SR. CARLOS NEDER - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
telespectadores da TV Assembléia, ouvintes da Rádio Assembléia e todos
os que acompanham esta sessão, o Governador Geraldo Alckmin encaminhou o
Projeto de Lei Complementar nº 28, de 2005, que faz alterações na forma
de organização e funcionamento dos Postos do Poupatempo.
Sabemos que o Poupatempo foi instituído pela Lei complementar nº 847, de 16 de julho de 1998, e, coincidentemente, naquele momento quem exercia o mandato de Governador era o vice, Geraldo Alckmin.
Ora, uma pressão enorme está sendo feita sobre os Srs. Deputados,
dizendo que este projeto, que tramita em regime de urgência, tem de ser
votado se possível ainda hoje, porque, caso não seja votado, os
trabalhadores do Poupatempo ficarão sem as suas gratificações.
Ocorre que, mesmo tramitando em regime de urgência, submetemos a uma
análise o projeto encaminhado pelo Governador. Qual não foi a nossa
surpresa quando observamos que não corresponde à verdade aquilo que está
sendo utilizado como argumento principal para pressionar os partidos e
suas bancadas, para votarem este projeto o mais rapidamente possível.
Na verdade, o projeto encaminhado pelo Governador visa a privatizar os
Postos do Poupatempo, a terceirizar as suas gestões e a dar alguma
cobertura a situação de ilegalidade já detectada no funcionamento dos
referidos postos - estejam eles instalados na Capital ou mesmo no
Interior.
Recentemente, soubemos pela imprensa da dificuldade da assistência
médica no Detran e nos Postos do Poupatempo. Em face disso, encaminhamos
uma representação ao Ministério Público Estadual, que a acolheu. Em
função disso, foi instaurado Inquérito no Ministério Público, de nº
365/05, para analisar os serviços médicos e o atendimento feito por
psicólogos, seja no âmbito do Detran ou mesmo nos Postos do Poupatempo.
Em decorrência disso, inúmeras irregularidades foram observadas. Cito
aqui algumas, a título de exemplo, para a nossa avaliação: inúmeros
serviços foram instalados dentro dos Postos do Poupatempo sem que
houvesse qualquer critério objetivo na escolha dos médicos, dos serviços
de reprografia e outros que foram beneficiados na instalação desses
Postos que, todos sabem, recebem um grande afluxo de munícipes e
praticam preços que não são preços públicos.
Ficou também constatado que esses profissionais e serviços não recolhem
taxas para o erário. As pessoas são remuneradas diretamente pelo
munícipe, não emitem os correspondentes recibos, não fazem a declaração
do imposto de renda e o Poder Público, pressionado pela imprensa,
cobrado pelo Ministério Público, se viu na contingência de reconhecer
que não tem nenhum controle sobre o volume de recursos financeiros que
circula nesses Postos do Poupatempo.
Matéria do "Jornal da Tarde", do dia 22 de outubro, que estranhamente
não fez parte do 'Clipping' produzido por esta Assembléia Legislativa -
parece-me que isso tem se tornado recorrente, ou seja, o fato de
matérias que dizem respeito a problemas que ocorrem no âmbito da gestão
estadual não serem priorizadas no 'Clipping' - diz o seguinte:
"Poupatempo Caminha para Privatização. Projeto de lei que tramita na
Assembléia Legislativa formaliza possibilidade de as unidades serem
administradas pela iniciativa privada." A matéria, de autoria do
jornalista Arthur Guimarães, diz que há um ano, ou mais, o Governador já
havia prometido e defendido a idéia de terceirizar a gerência dos
Postos do Poupatempo. Abriria, assim, a possibilidade "de as unidades do
programa serem administradas pela iniciativa privada".
"Na prática, essa medida abre caminho para que empresas banquem toda
construção ou reforma de novos postos e financiem a compra dos
equipamentos. O texto em análise pelos Deputados também possibilita a
mudança de perfil de funcionamento dos dez postos de Poupatempo já
existentes".
"Em troca, o investidor ganharia a oportunidade de, por cinco anos,
gerir o diaadia de atendimento ao público - com uma espécie de
fiscalização do 'órgão competente' - recebendo do Tesouro uma
contrapartida que ainda não foi definida." Diz o responsável pelo
Poupatempo, Daniel Annenberg, "Ninguém deve ganhar rios de dinheiro com
isso. Nossa idéia é economizar recursos públicos, mas sem beneficiar
exageradamente a iniciativa privada."Para ele, esse tipo de ação traria
economia para os cofres do governo e possibilitaria a abertura de ainda
mais unidades."Com esse novo modelo, sem dúvida, o Estado terá mais
fôlego para pensar em expandir o serviço que é de sua
responsabilidade.""Mesmo sem a aprovação do projeto de lei, no entanto,
nos postos espalhados por São Paulo, hoje muitos serviços - 'diz a
reportagem' - já são terceirizados, como a limpeza, segurança, central
de informações e até o trabalho de elaboração de segunda via da carteira
de motorista". E eu acrescento, como já disse, o trabalho feito pelos
médicos, pelos psicólogos e tantos outros, que foram colocados sem
licitação dentro dos próprios do Poupatempo.
Na investigação que fizemos vimos que a situação é mais grave. A
aquisição de equipamentos médicos para esses postos é feita pela
Prodesp, sem licitação. E a empresa escolhida para esta compra sem
licitação é nada mais, nada menos, do que de propriedade da mulher, do
ex-Diretor do Detran, Ciro Vidal, e de outros ex-diretores do Detran.
Nós acionamos a Vigilância Sanitária, através do Ministério da Saúde, e
soubemos, de forma oficial, que esses equipamentos médicos sequer são
registrados na Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Mais
grave ainda: há equipamentos similares no mercado que poderiam
perfeitamente ter sido comprados mediante licitação, pregão ou qualquer
outra modalidade. E isso não aconteceu.
Portanto, é preciso que os Srs. Deputados entendam que o argumento
utilizado para nos forçar a votar esse projeto de lei do Poupatempo é
uma falácia. A legislação existente já garante o pagamento da
gratificação, inclusive mais elevada, porque a lei atual se reporta à
referência 13 da escala de vencimentos, enquanto o projeto encaminhado
pelo Governador reduz esse valor para escala de vencimentos na
referência 8. O que de fundo está nesse projeto de lei do Governador é a
intenção de, por um lado, privatizar os serviços dos Postos do
Poupatempo, lembrando que estamos em ano pré-eleitoral e isso teria um
grande apelo no ano eleitoral de 2006, em face da proposta de
candidatura de Geraldo Alckmin a cargo eletivo.
Em segundo lugar, há uma diferenciação entre a atual situação e a que é
proposta nas funções exercidas pelos trabalhadores nos Postos do
Poupatempo. Criam agora a figura daqueles trabalhadores que atuarão em
atividades de representação técnica e diferenciam esta atividade de
outras, que são tidas como atividades de apoio. Temos aí um outro
aspecto a ser considerado.
Enquanto que, na atual situação, está previsto o mecanismo de seleção
dos trabalhadores que atuam nos Postos do Poupatempo, venham eles da
administração direta ou indireta, o projeto encaminhado pelo Governador
muda a figura da seleção e institui a figura da indicação.
Ora, quem fará a indicação dos trabalhadores para atuar nesses Postos do
Poupatempo? O Secretário da Casa Civil, que ouvindo os Secretários das
Pastas, ouvindo o Procurador-Geral do Estado, ouvindo Superintendentes
de Autarquias, passa a ter a prerrogativa de indicar os trabalhadores,
funcionários públicos detentores de cargos ou função-atividade, que irão
trabalhar nos Postos do Poupatempo. Certamente serão trabalhadores
privilegiados, na medida em que estarão sendo deslocados para um local
em que todos gostariam de trabalhar e que reconhecidamente prestam um
bom serviço à população.
A pergunta que fica é por que razão se acaba com a figura da seleção
pública? Por que evitam critérios objetivos para a escolha dos que vão
trabalhar nos Postos do Poupatempo e se institui um mecanismo de
indicação - que, eu diria, pode ser até mesmo política - para escolher
as pessoas que estarão nesses postos de Poupatempo, ao mesmo tempo em
que se abrirá o mercado para os postos de Poupatempo, de tal forma que a
iniciativa privada possa nele atuar? O que nos parece evidente é que as
situações estão intimamente relacionadas. Quais situações? A situação
de ilegalidades existentes nos Postos do Poupatempo e no Detran,
conforme investigação que vem sendo feita pelo Ministério Público
Estadual e pelo Tribunal de Constas do Estado, as irregularidades
constatadas nos serviços já existentes e instalados nos postos de
Poupatempo e a tentativa de, por um lado, dar alguma cobertura legal
para uma situação já existente e, por outro lado, abrir esse mercado e
aumentar a possibilidade de instalação de novos Postos de Poupatempo,
quando caminhamos para as campanhas eleitorais de 2006. O Promotor de
Justiça, Sílvio Antonio Marques, em documentação encaminhada a este
Parlamentar informa que vem tomando todas as providências ao seu alcance
para exigir, por parte do Governo Estadual, da Secretaria de Segurança
Pública, em especial do Detran, que um procedimento licitatório seja
feito ainda que em caráter de urgência para corrigir irregularidades
constatadas no funcionamento do Detran, inclusive no que diz respeito ao
emplacamento de automóveis e à questão da renovação de carteiras de
habilitação.
Por outro lado, o Promotor Sílvio Antonio Marques solicita, por meio de
correspondência a este Deputado Estadual, que eu apresente nomes de
pessoas que deveriam ser ouvidas no âmbito do Processo de Inquérito
365/05. Não deixei de fazer isso. Inclusive sugeri ao promotor que eu
gostaria de ser o primeiro a ser ouvido porque, no exercício do mandato
parlamentar, tenho recebido inúmeras pessoas que, receosas do que possa
acontecer com elas e não tendo a prerrogativa que nós temos do mandato
parlamentar, se sentem atemorizadas em dizer o que estão vendo dentro do
Poupatempo e nos postos do Detran.
Por esta razão, gostaria de ser ouvido nesse inquérito, para nós
sabermos qual é o nível de responsabilidade do Governo do Estado, da
Secretaria da Casa Civil, da Secretaria de Segurança Pública, da
Diretoria do Detran e da Coordenação dos Postos Poupatempo diante dessas
inúmeras denúncias e das irregularidades que vêm sendo constatadas.
Por último, Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero mencionar que essa
política de privatização do Poupatempo nada mais é do que afirmação de
uma estratégia do Governo do PSDB, de privatizar outros serviços
essenciais. A imprensa reiteradamente tem apresentado informações e
denúncias sobre preços que vêm sendo praticados de forma abusiva. Agora
mesmo fala-se na possibilidade de serem aumentados os valores cobrados
nos pedágios nas estradas estaduais.
Ao lado disso, é preciso mostrar que a estratégia da implantação das
organizações sociais nas áreas de saúde, e agora a iniciativa do Governo
do Estado de levar as organizações sociais para os institutos de
pesquisas, todas essas propostas traduzem uma concepção do Estado, da
reforma do Estado e uma prioridade que vem sendo dada pelo Governo do
PSDB, seja no estado, seja na Capital de São Paulo, de promover a
terceirização da gestão e a privatização de serviços públicos
essenciais.
O serviço prestado pelo Poupatempo é considerado um dos melhores
efetuados pelo Poder Público Estadual. É estranho que se pretenda então a
privatização de um serviço que vem sendo bem avaliado pela população.
Recente termo de ajuste de conduta firmado pelo Ministério Público e o
Governo do Estado de São Paulo define os procedimentos licitatórios que
deverão ser observados pelo governo em relação aos serviços do Detran,
sem que isso signifique qualquer omissão do Ministério Público na
análise e ao acionar a Justiça diante de irregularidades já constatadas e
comprovadas antes da assinatura desses termos de ajuste de conduta.
Assim, Sr. Presidente, Srs. Deputados, informo a todos os presentes que,
além de acompanhar essa questão dos Postos do Poupatempo, que estará em
debate no plenário desta Assembléia Legislativa, estamos formalizando
um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito, para que a Assembléia
Legislativa apure esse verdadeiro escândalo em que se transformou a
gestão pública do Detran e nos serviços correlatos. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Dando continuidade
aos oradores inscritos ao Grande Expediente, por permuta de tempo com o
nobre Deputado Geraldo Lopes, tem a palavra o nobre Deputado Ítalo
Cardoso.
O SR. ÍTALO CARDOSO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, público presente nas galerias, telespectadores da TV
Assembléia, quero saudar os senhores operadores de postos de gasolina
que vieram hoje para dialogar com os Srs. Deputados, a fim de sanar uma
injustiça que está sendo cometida com essa categoria, com esse setor
empresarial. Sejam bem vindos. Quero agradecer ao nobre Deputado Geraldo
Lopes por ter permitido este tempo no Grande Expediente.
O primeiro assunto que vou tratar é com relação ao referendo realizado
no domingo. Embora democraticamente acatemos aquilo que foi a vontade
popular temos a lamentar porque infelizmente foi uma campanha feita como
se a tarefa de segurança pública fosse única e exclusivamente
responsabilidade dos policiais da Polícia Militar e Civil. E não é
verdade.
Insistimos que a segurança pública também se dá com a boa escola
funcionado; com a creche funcionando bem; com emprego, com ocupação para
a garotada principalmente.
Segurança pública também se faz com rua iluminada, com rua asfaltada.
Portanto, no nosso entender, na nossa concepção o policial é o
complemento dessa tarefa de segurança pública. Não podemos aceitar que
de forma sorrateira, por um lado, porque não foi explicitado nesse
processo, que a segurança pessoal e particular de cada um não é
responsabilidade do cidadão. Porque, insistimos, o cidadão não foi
treinado, não tem a prática, não tem a cabeça voltada para o crime,
portanto, dificilmente ganhará uma disputa com o bandido que, primeiro,
já vem com a iniciativa de tomar a frente. E nós temos muitos exemplos a
lamentar de pessoas que acharam que porque estavam portando arma seriam
capazes de enfrentar e ganhar de uma pessoa que já veio determinada a
matar, que já veio pronta para cometer um crime. Portanto o cidadão
comum, o dito cidadão de bem, que tanto foi falado nessa campanha, vai
ter uma chance muito reduzida de ganhar essa disputa, de ganhar essa
briga.
Infelizmente ficou a ilusão de que se você não tiver uma arma você não
estará protegido. Ficou a ilusão de que com a arma você está garantindo a
sua segurança. Ledo engano. Ledo engano porque o bandido está bem
armado, bem preparado e essa tarefa é da polícia, é do Estado que recebe
impostos para isso e tem que preparar a polícia para fazer não só o
combate mas fazer a investigação para brecar o narcotráfico, fiscalizar
as fronteiras, os portos e aeroportos que é por onde entram a maior
parte das armas.
Mas acatamos a decisão porque foi uma decisão democrática da população.
Portanto temos que conviver com essa realidade. Infelizmente as armas
vão continuar sendo vendidas a torto e a direito neste país e as
conseqüências vamos ver nas estatísticas de crimes, muitos dos quais
poderiam ter sido evitados se a nossa população não tivesse tanta arma.
Mas também quero falar da minha estranheza e quero apoiar no todo o que
falou o nobre Deputado Carlos Neder, que é um dos Deputados preocupados,
que já vem investigando há bastante tempo não só aquilo que ele falou
sobre o Detran mas também sobre a questão do Poupatempo.
Causou-me estranheza a correria e desespero no começo da semana com um
projeto que circulava aqui, que a rigor era para discutir aumento para
os funcionários do Poupatempo. Ora, é sempre meritório quando o Sr.
Governador reconhece que tem que dar aumento para um setor do
funcionalismo. É verdade, isso é importante. O grande problema é que
quando olhado melhor, com a lupa, na verdade tinha um transatlântico,
tinha um bonde, porque não se queria dar aumento para o pessoal do
Poupatempo, porque a proposta que está embutida no projeto que o Sr.
Governador mandou para ca, em regime de urgência, nada mais era do que
dar um abono que quando muito chega a 20 reais para cada servidor do
Poupatempo.
Mas o que estava contido nas aspas é a possibilidade de terceirizar esse
serviço. É a possibilidade de colocar na mão da iniciativa privada
sabe-se lá a que custo.
A grande maioria dos Deputados não tinha conhecimento desse projeto, não
tinha conhecimento dos interesses que estavam por trás desse projeto.
Não tinham inclusive conhecimento desse ardil que era de tentar, em nome
de um reajuste que vai de 18 a 20 reais por mês, passar a autorização
para terceirizar esse serviço.
Seria muito bom que o Sr. Governador, quando quisesse aprovar uma
proposta aqui, mandasse uma proposta transparente, clara para que
debatêssemos e saber quem são os verdadeiros interessados e quem serão
os verdadeiros beneficiados nesse tipo de projeto.
Tramóia, passa-pé, trança-pé, passa-moleque aqui, não! Vamos querer
discutir agora, com exaustão, este projeto. Vamos querer saber qual o
DNA dele, a quem interessa esse processo, a quem interessa essa
artimanha que tentaram passar aqui, em toque de caixa, em nome de um
abono de 20 por cento. Os próprios funcionários do Poupatempo já
mandaram recado que agradecem a gentileza do Governador, mas que
preferem discutir com mais calma e saber o que vai ser votado aqui.
Portanto, fica aqui a nossa estranheza com a pressa com que os
representantes do Governo nesta Casa tiveram de tentar aprovar este
projeto que, na verdade, seria mais um transatlântico, que depois
teríamos que explicar porque muitos funcionários seriam demitidos como
conseqüência de sua aprovação. Seria importante que os Deputados, que
aqui representam o Governo, pudessem explicar.
Quero agora falar, também, sobre uma situação difícil e estranha por que
passam aquelas pessoas aqui representadas, que são os proprietários de
postos de gasolina. Aprovamos aqui, um tempo atrás, a Lei nº 775/2004,
que regulamentava a questão do ICMS. Essa lei recebeu um adendo
cuidadoso, em hora certa, do Deputado Jorge Caruso que corrigia uma
diferença brutal, um descompasso brutal que se colocava para o setor de
combustíveis na cidade e no Estado de São Paulo na relação com donos de
hipermercados.
Já não chega a história de que nesta cidade onde eles se instalaram,
tudo o que tinha em volta acabou. Tudo. É o famoso seca-pimenteira. Não
ficou uma pequena banca de jornal, uma quitanda, uma pequena farmácia,
um armarinho, uma pequena loja de periferia que dava sustentação e
emprego para as famílias. Todos foram sugados por essa hiper-empresa,
toda ela de capital internacional, que veio e acabou com a possibilidade
de pequenos empregos, principalmente nas grandes cidades,
particularmente na cidade de São Paulo. Tudo em nome da inovação, em
nome da novidade, porque no shopping tem tudo, cinema, isso e aquilo,
mas a conseqüência foi o desemprego, a mesma conseqüência que vai causar
aos postos de gasolina porque, com certeza, irão fechar se o Governador
não tiver a sensibilidade de que no mínimo tem de haver tratamento
igual porque eles pagam impostos como se fosse pela regra do
hipermercado e não pelos distribuidores e vendedores de combustíveis.
Por que aqueles que trabalham como frentistas recebem de forma diferente
daqueles de postos que funcionam nos supermercados? Queremos discutir
porque não é só essa a questão. Há também a discussão, que tem de se
fazer aqui, para dar espaço ao pequeno empresário, ao pequeno
comerciante pois, na verdade, hoje cada vez mais esses gigantes do
capital internacional sugam para si, como se o pequeno não tivesse
direito de começar um pequeno negócio.
Felizmente, os senhores têm uma categoria organizada. Esse debate foi
feito aqui, recentemente, pelo Deputado Vicente Cândido, da conseqüência
inclusive do gigante em cima daquele pequeno que quer ter um
funcionamento honesto, mas que quer ter condições, no mínimo, de
igualdade para poder competir no mercado. Isso já acontece com donos de
padarias, com os pequenos açougues, com os donos de quitandas e pequenos
comércios e agora, com certeza, vai chegar aos senhores, se o
Governador não entender que tem de recuar e aprovar essa emenda
apresentada aqui pelo Deputado Jorge Caruso.
Conheço e tenho amizade com várias pessoas do setor. Sei da luta e do
sacrifício para sobreviver porque a impressão que se dá é que todos aqui
são donos de postos na Avenida Paulista, nas grandes avenidas como a 23
de Maio. Muitos têm que sobreviver na periferia, numa condição muito
inferior daqueles que hoje estão nos grandes centros. E, portanto, não
dá para nivelar por aqueles que são até grandes distribuidores, não dá
para nivelar pela média e, com isso, fazer com que os senhores paguem
inclusive taxas acima do que irão pagar os donos de supermercado. Se os
senhores querem operar, o que já é uma injustiça, têm de ser, no mínimo,
nas regras a que estarão também se submetendo, como qualquer cidadão
comum que vai tentar se estabelecer no comércio de venda a varejo de
combustível.
Portanto, é muito prudente a posição dos senhores de estarem aqui de
forma tranqüila, mas muito firme para dialogar com todos os líderes para
chamar a atenção. Mais uma vez, quero dizer do nosso apoio a essa
emenda apresentada pelo Deputado e nosso apoio à luta dos senhores.
Acho que é assim que vamos poder estabelecer igualdades e voltar a ter,
na cidade de São Paulo e no Estado de São Paulo, a capacidade de gerar
empregos, que a cada dia que passa vai perdendo exatamente por não
atender, exatamente por não olhar para o pequeno e médio comerciante e
empresário, que, de fato, é quem gera emprego neste Estado e neste País.
Não são os gigantes que, além de vendedores, são os grandes
distribuidores - e isso é uma concorrência desleal, uma concorrência
desigual.
Parabéns aos senhores. Podem ter a certeza que, na nossa Bancada do
Partido dos Trabalhadores, há sensibilidade para o apelo que os senhores
nos trazem. (Manifestação nas galerias.)
E, por último, quero também falar das notícias que hoje estão recheando
todas as páginas da Internet, a capacidade de gerar surpresa que esse
processo de Brasília tem trazido para todos nós: essa CPI que, depois
que começou a funcionar, deu-nos muitas surpresas. Parece que apontava
só para um lado. Durante todo o processo, elegeram alguns Deputados para
que se tornassem os pais, mães da criança. Estranhávamos porque foram,
várias vezes, citados nomes de pessoas proeminentes de partidos como o
PSDB, como o Governador Aécio Neves, como o Presidente Nacional do PSDB,
o Sr. Eduardo Azeredo, e parece que a Câmara Federal estava surda
quando se tratava do assunto desses senhores. O Azeredo inclusive se
propôs a ir gentilmente fazer um esclarecimento na Câmara Federal de que
o dinheiro que pegou de Marcos Valério era diferente do dos outros.
Pois bem, agora o próprio tesoureiro jogou a toalha e falou que não
foram só alguns reais, não. Foram confessado 700 mil reais. Parece-me
que agora estão apressando em tirar o Eduardo Azeredo de cena, para
dizer que ele não é mais Presidente do PSDB. É, sim. É Presidente do
PSDB, é senador pelo PSDB, foi Governador pelo Estado de Minas pelo PSDB
e candidato a altos cargos por aquele Estado.
Portanto, não que fiquemos contente por saber que mais um tem de dar
satisfação sobre sua relação com o Sr. Marcos Valério. É que caiu o
manto do santo, caiu o manto daqueles que falavam em nome da pureza. Por
isso, pedi ao Deputado Milton Flávio que ficasse aqui porque ele muitas
vezes veio aqui de forma irresponsável, de forma que não se recomenda,
inclusive a um detentor de mandato parlamentar, apontar o dedo e fazer
acusações mesmo sem provas, envolvendo pessoas que sequer estavam
arroladas no processo. No entanto, hoje, espero que venha aqui falar
sobre o seu Presidente. Muito obrigado. (Manifestação nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando. (Pausa.)
O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - Sr. Presidente, gostaria de ocupar, como
vice-líder da Bancada do PSDB, o tempo do Deputado Orlando Morando.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Srs. Deputados, tem a
palavra o nobre Deputado Milton Flávio, pelo tempo regimental de 10
minutos.
O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
telespectadores da TV Assembléia, público presente, tenho voltado à
tribuna com alguma freqüência para dizer que não é fácil falar todos os
dias, exceto quando o PT me dá motivo, quando me dá justificativa.
Ainda há pouco, o Deputado Ítalo Cardoso disse que este Deputado fez
acusações, em várias ocasiões, a pessoas que não estavam envolvidas nas
investigações. Eu faço aqui um repto: que o Deputado encontre uma única
pessoa que eu tenha citado e que não esteja sendo objeto de denúncia.
Mais do que isso: que prove que este Deputado tenha formulado uma única
acusação que não tenha sido, de forma reiterada, publicada nos vários
órgãos de imprensa.
Aliás, já vai ser difícil o Deputado encontrar a citação de um nome,
porque, via de regra, este Deputado fala em tese. Mesmo quando falo, por
exemplo, do filho do Presidente Lula, eu digo o filho, ele tem vários,
mas todo mundo sabe que tem um filho do Presidente Lula que vendeu parte
de uma empresa, que ninguém conhece, por cinco milhões de reais. Ontem,
o ex-chefe da Casa Civil, ex-presidente do partido e hoje um dos
acusados da CPI disse que hoje o nosso país vive do avesso. Onde já se
viu um pai ter de responder pelos danos que eventualmente o filho possa
ter causado à União! Mais do que isso: ele afirmou que não temos o
direito de cobrar do Presidente conhecimento de fatos que o seu filho ou
o seu irmão tenham cometido.
Eu aqui não vou nem inovar. Hoje, ao meio dia, estava na All TV e fui
perguntado sobre o nosso atual presidente em exercício. Ao tempo em que
foi acusado, não era presidente, não era vice-presidente do PSDB. Se
crimes ocorreram - e aparentemente houve de fato caixa 2 -, ocorreram já
num período já bastante anterior, quando ele não ocupava essas funções e
era candidato ao governo de Minas. Mas, para que não haja nenhum tipo
de dúvida, vou aqui advogar exatamente na direção do que advoguei hoje
na televisão.
Acho que o Senador Eduardo Azeredo, vice-presidente do PSDB no exercício
da Presidência, embora não tenha cometido eventuais delitos no
exercício da sua função, na minha opinião deveria se afastar, sim, do
partido enquanto essa investigação não seja concluída e o país saiba
exatamente se culpa resta ou se culpa houve nesse processo. Mas não vou
dizer daqueles que cometeram eventuais atos ilícitos, quando ainda não
eram senadores, ainda não era presidente do nosso partido. Tenho me
detido aqui a falar daqueles que confundiram durante dois anos e dez
meses o público com o privado, o público com o pessoal e o público com o
familiar.
Não me lembro - quem sabe o Deputado possa em outras manifestações
alertar a este Deputado - de que em algum momento o nosso partido ou
membros do nosso partido tenham interferido, tenham feito proposições
para que problemas pessoais, familiares de ex-esposas fossem resolvidos.
Não me lembro de ter assistido, eventualmente no exercício dos governos
que já estivemos - e estamos em São Paulo há dez anos - algo parecido
com aquilo que os senhores assistem todos os dias na República. E a
resposta do Presidente é uma única: "Eu não sabia, eu não sei, eu não
vi, ninguém me contou".
Eu, às vezes, fico preocupado, pois acho que ninguém contou porque o
Presidente não tem parado por aqui ou eventualmente contaram e por
razões que todos nós conhecemos - que não vou citar - depois que ele
passa por um certo período de relaxamento ele acaba esquecendo. Aliás,
nós, médicos, sabemos que esse processo é bastante comum. Todos nós
esquecemos o que fizemos no dia anterior, sobretudo quando fomos além da
conta. Mas prefiro criticar o nosso Presidente pelas bobagens, não que
fez, mas pelas que faz. As bobagens que fez ele próprio assume: eu era
falastrão, eu fazia, mas não tinha responsabilidade, eu não tinha
obrigação de fazer. Isso ele diz. Basta assistir aos dois filmes que
reproduzem textualmente as suas opiniões. Mas prefiro ficar muito mais
em cima de denúncias que não sou eu que estou fazendo.
O nosso Presidente da Câmara Federal, Deputado Aldo Rabelo, está
assustado porque descobriu que, no Governo Lula, neste Governo que
pretendia ser probo, ético e que agora encontraram algo parecido num
membro do PT, gastou-se no ano passado um bilhão de reais em diárias.
Pode não parecer muito, mas é cinco vezes mais do que o PT destinou ao
Ministério da Cultura, isso sem contar as passagens aéreas que também
foram no mesmo valor, três ou quatro vezes mais do que gastava o então
Presidente Fernando Henrique Cardoso, que todo mundo achava que viajava
muito. Estamos colocando essas coisas porque é um absurdo a tentativa de
nivelar dois partidos que são fundamentalmente diferentes.
Portanto, eu vou voltar várias vezes a este assunto. Eu dizia aqui da
tribuna e os Deputados do PT vinham dizer que este Deputado exagerava,
que era irresponsável quando falava da febre aftosa. Deputado Pedro
Tobias, V. Exa. veio aqui justificar aquilo que falávamos. E hoje não
sou eu que digo, não. Não há brasileiro que não esteja preocupado com a
sanidade da nossa carne. Estados que há dez anos não tinham nenhum caso
de febre aftosa vivem hoje o drama que parecia extinto no país. Minas
Gerais e São Paulo começam a cercar as suas fronteiras. E aí vem o
Deputado dizer que não entende o resultado do referendo.
Ora, Deputado! As pessoas sabem que um Presidente que não sabe o que faz
o Ministro Chefe da Casa Civil, um Presidente que não sabe o que faz o
seu filho, um Presidente que diz que não conhece o que faz o seu irmão,
um Presidente que foi eleito com caixa 2 e que pagou as suas contas com
dinheiro do Exterior e disse que não sabia, como bem disse o Delúbio
Soares, provavelmente pensava que esse dinheiro vinha do Papai Noel, do
papai do céu. Não fui eu quem disse isso. Foi o tesoureiro do Partido
dos Trabalhadores. E todo mundo vem aqui pousar de ingênuo. Ou então
dizer que este Deputado é hipócrita quando disse que não tinha caixa 2.
Não tinha não, Deputado. Sabe por quê? Porque se eu tivesse caixa 2 não
seria suplente, se eu tivesse caixa 2 estaria aqui com mandato pleno,
porque eu trabalho, sou sério, enfrento as minhas posições, mas não
tenho dinheiro para fazer a campanha que muitos fizeram.
E não estou aqui dizendo novidade, porque, há pouco tempo, provocado por
uma Deputada do PT que dizia que era minha eloqüência, era a minha
agressividade que me tirava desta Casa, eu disse: "Não é, não. O que me
tira dessa Casa é a falta da mala que nunca tive". Portanto,
companheiros, quero mais uma vez dizer que vou continuar assim. E não
adianta dizer no Colégio de Líderes que este Deputado ofende. Não
ofendo, não. Não citei um nome até agora. Vou continuar citando fatos e
se alguém duvidar eu trago as revistas que falam todos os dias sobre os
assuntos que abordo. Agora, não vamos enxovalhar toda a classe política,
não. Eu tenho orgulho do meu mandato, como tenho certeza tem orgulho do
mandato a maior parte dos Deputados que estão aqui, inclusive os do PT.
Não acho justo que todos sejamos colocados na vala comum para explicar o
inexplicável. Não acho correto que todos nós tenhamos de pagar o preço
que não é nosso nem da maior parte dos Deputados.
Portanto, gostaria de reiterar que também estou preocupado com os nossos
amigos que aqui reclamam. Essa preocupação já foi explicitada no
passado e vou aqui continuar brigando juntamente com muitos Deputados.
Vou repetir, Deputado Ítalo Cardoso: tenho muito orgulho de ser Deputado
na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Aqui, nesta Casa não
tenho até hoje, em dez anos, nenhuma razão para desacreditar de nenhum
Deputado.
O SR. PRESIDENTE - SEBASTIÃO BATISTA MACHADO - PV - Esta Presidência
quer comunicar que está esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente.
O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, tendo já
atendido a solicitação do Deputado Ítalo Cardoso - nós íamos nos
retirando do plenário, e ele nos pediu que ficássemos para ouvir o que
falaria do nosso atual Presidente em exercício. Quero dizer que fico
muito à vontade. Diferentemente do que fez o PT com seus acusados, não
tenho nenhuma dificuldade em dizer que Eduardo Azeredo, com todo
respeito que possa ter por ele, nos ajudaria muito se pedisse licença do
nosso partido e só voltasse se provada sua inocência na Câmara ou na
Justiça. Não temos nenhuma dificuldade em manter nossas posições.
Sr. Presidente, quero falar sobre o assunto que me trouxe aqui, aliás,
são dois assuntos. O primeiro é registrar minha satisfação por ter
participado, ainda há pouco, de um evento no Iamspe - órgão que dirigi
por dois anos -, que renovou o contrato com a Santa Casa de Birigui.
Todos sabem que a primeira lei que aprovei nesta Casa foi exatamente a
lei que descentralizou o Iamspe que, antigamente, era representado quase
que única e exclusivamente pelo Hospital do Servidor Público Estadual.
Graças a nossa lei - como disse, a primeira lei que aprovei nesta Casa
-, o Iamspe atende hoje 160 municípios do Estado de São Paulo. Nossos
funcionários públicos contribuem com 2% do seu salário para a manutenção
daquele instituto, que também tem a participação e contribuição do
nosso Governo.
Nossa motivação para propor essa lei foi o fato de nossos pais serem
funcionários públicos aposentados, que haviam contribuído - como tantos
outros do interior - durante 30, 40 anos para o Iamspe e não tinham
alternativa de receber essa assistência médica. Sabíamos desse problema
e, chegando à Assembléia, fizemos questão de tentar resolvê-lo.
Infelizmente, Birigui, uma das primeiras cidades a se beneficiar da
nossa lei, por um problema documental ficou sem contrato. Hoje,
finalmente, superadas as dificuldades, pudemos fazer essa assinatura.
Queremos, portanto, deixar registrada nossa satisfação.
Segundo, nós gostaríamos de comunicar a Casa - os jornais já noticiaram
isso -, porque julgamos importante, a disposição deste Deputado de
disputar a Presidência do PSDB estadual. Por que disputar essa
Presidência? Porque ao longo desses dez anos em que sou Deputado tenho
procurado, de maneira coerente, com toda força que meu mandato me
permite, defender as teses que nosso partido advoga, defender as
propostas do nosso governo. Quero, sobretudo, tentar construir, junto
com os companheiros da nossa legenda nesta Assembléia, propostas
conseqüentes como a lei da vacinação do idoso, diagnóstico precoce de
câncer de próstata, lei que garante a educação para crianças internadas
em hospitais públicos.
A partir de março, como suplente que sou, vou me ausentar da Assembléia,
portanto, terei tempo suficiente para cuidar do partido e gostaria
muito de cumprir essa função. Entendemos que essa é uma questão
partidária que deveria ser discutida intensamente com a nossa base e
nossa militância, e ganhar aquele que, neste momento, fosse capaz de
produzir uma proposta conseqüente não apenas para o partido, mas
principalmente para as expectativas do povo brasileiro. Isto é, que os
partidos sejam capazes de propor não soluções messiânicas, demagógicas,
mas soluções reais para os problemas que todos conhecemos como falta de
segurança, de moradia, de educação. Acredito que com a experiência que
adquiri nesta Casa poderei ajudar nesse papel.
Para que eu possa ter liberdade e não me sinta constrangedor nem
constrangido pelo governo, estou me licenciando da minha função de
vice-líder do Governo e ficarei licenciado até o dia seguinte da nossa
eleição. Dessa maneira, poderei falar com mais liberdade, com total
compromisso com as propostas que apresentarei sem que possam,
eventualmente, ser confundidas com as que o governo faz agora.
Gostaria que a Casa entendesse nosso gesto, porque penso ser eticamente
incompatível essa disputa ocupando a liderança que hoje, em nome do
governo. Espero a compreensão de todos porque, em alguns momentos,
estarei ausente desta tribuna, não defendendo teses que V. Exas. sabem
que defenderia se estivesse no mandato desta liderança. Espero voltar a
fazê-lo a partir do dia sete de novembro, quando já houver passado a
eleição e a vice-liderança do Governo não produzir nenhuma alteração
nesse processo eleitoral, que espero seja o mais limpo, o mais
democrático e o mais igualitário possível.
O SR. VICENTE CÂNDIDO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, proprietários de postos de gasolina que hoje nos visitam
para que esta Casa olhe para esse setor. Cumprimentando o presidente do
Sindicato, Zeca, e todos os presentes no plenário.
Poderia responder às provocações do Deputado Milton Flávio mas, em
respeito às categorias que hoje nos visitam, prefiro falar de uma pauta
mais propositiva. Não quero entrar na celeuma das denúncias, das
apurações que o Congresso Nacional vem realizando nas CPIs, nas
investigações da Polícia Federal, Ministério Público e me ater a esse
movimento importante hoje coordenado pelo Zeca. A Sincopetro também
participa aqui conosco; estou vendo o Cruz no meio do pessoal.
Tenho procurado trazer esse debate para o plenário; sou coordenador
junto com outros Deputados da Frente Parlamentar em Defesa da Micro e
Pequena Empresa e recentemente votamos um projeto que fecharia os
hipermercados nos domingos e feriados.
Trabalharei junto com minha Bancada para a derrubada do veto do ICMS e
estarei apoiando um projeto que deu entrada, assinado pelo Deputado
Jorge Caruso e outros, proibindo os mercados de terem postos de
gasolina. Temos acompanhado as audiências públicas sobre a Mobilização
da Lei Geral da Pequena Empresa, temos rodado o estado inteiro
procurando sensibilizar os parlamentos municipais, Prefeitos, lideranças
empresariais, trabalhadores e travado esse debate nesta Casa para ver
se conseguimos construir o mínimo em defesa da pequena empresa.
Os dados sobre geração de empregos, distribuição de renda são muito
incisivos. Há necessidade de apoiarmos o setor que gera emprego, que
sustenta a economia de um país como o Brasil. Entre eles estão os postos
de gasolina, símbolo da pequena empresa, da área de comércio, da
prestação de serviço, da relação com a comunidade. Então, a vinda dos
senhores e das senhoras hoje acho que ajuda esse pensamento a crescer e a
consolidar.
Os governos e os parlamentos precisam se debruçar cada vez mais sobre o
assunto. Não basta apenas ser simpático na campanha eleitoral, tomar
café, bater nas costas e às vezes amarrar compromissos, que sempre ficam
soltos, porque, na hora de vir aqui para concretizar esses
compromissos, percebemos a real dificuldade de avançarmos principalmente
ao que compete ao Parlamento.
Não é fácil votar projetos dessa natureza aqui. Estamos trabalhando para
que o conjunto dos parlamentares realmente faça leitura do que
significa a pequena empresa na economia nacional e na economia mundial.
Se é verdade que a pequena empresa representa 99% dos empreendimentos
empresariais do Brasil; se é verdade que a pequena empresa gera 66% dos
empregos no Brasil; se é verdade que a pequena empresa produz de 25 a
30% do PIB da economia brasileira, então, é hora de o Poder Legislativo e
o Poder Executivo realmente dizerem para o que vieram, construírem
algumas políticas públicas garantidas em leis e instalarem alguns
programas que venham realmente valorizar esse setor que carrega a
economia nas costas, que produzem o Brasil, que constroem o Brasil, mas
que, na hora da influência e do poder, acaba sendo muito pouco.
Assim, quero, aqui, externar a minha posição em homenagem aos
trabalhadores que são os pequenos empresários, que largaram os seus
postos de trabalho, que vieram aqui cobrar dos parlamentares aquilo que
parece tão cristalino e tão justo, que é a derrubada do ICMS para acabar
com aquela trambicagem que os supermercados fazem, praticando o
"dumping", vendendo de tudo, abusando, depredando a concorrência,
praticando a concorrência desleal. E não vemos os órgãos do governo
cobrando, fiscalizando e sendo tão rígidos como é com a pequena empresa
no Brasil.
Quero, também, parabenizar os senhores, que vieram hoje aqui à tarde. É a
nossa esperança de que ainda hoje, juntamente com o Deputado Jorge
Caruso, veremos a derrubada desse veto aqui.
Sr. Presidente, por falar em pequena empresa, quero também aqui
registrar o nosso pesar e os nossos sentimentos pelo falecimento do
Frederico Maia, presidente do Sindicato dos Panificadores, que faleceu
nesta madrugada. Seu velório está ocorrendo na sede do sindicato, na Rua
Santo Amaro, nº 313. O enterro será amanhã pela manhã. Frederico Maia
encarnou também esse espírito em defesa da pequena empresa, do setor de
panificação. A sua própria história se confunde com a luta dos
panificadores por São Paulo e pelo Brasil afora. Fica, então,
registrados aqui os nossos sentimentos.
Parabéns para aqueles que estão aqui esperando uma solução para essa
novela que esperamos que termine aqui, hoje. Muito obrigado.
O SR. CONTE LOPES - PTB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
aqueles que nos acompanham das galerias da Assembléia e aqueles que nos
acompanham pela TV Assembléia, vários políticos, Deputados, a Rede
Globo, o jornal "Folha de S. Paulo", artistas, cantores e noveleiros não
estão conseguindo entender como foi montado todo um esquema para dar o
"sim" e acabou dando o "não". E o povo acabou votando pelo "não".
A única coisa que aconteceu é que o povo não é bobo. O povo não vai
atrás da mídia, o povo não vai votar para deixar o bandido armado e o
cidadão desarmado. E estou falando sobre isso faz tempo. O povo até não
estava entendendo o que estava acontecendo. Mas na hora de decidir, o
povo, para quem os governos não fornecem nada, nada de segurança, mas ao
contrário, queriam retirar do cidadão brasileiro a capacidade da
legítima defesa, votou "não".
Aquele que tem uma residência tem que ter o direito de se defender, se
necessário for. Ninguém é obrigado a comprar arma, compra a arma quem
quiser. Mas a pessoa não é obrigada a abrir a sua casa, o seu sítio, a
sua chácara, para que os bandidos entrem. Ele não é obrigado a fornecer a
sua esposa e as suas filhas para os bandidos. E o povo entendeu que o
governo ao invés de iniciar uma campanha de desarmamento dos bandidos,
quis começar o desarmamento do trabalhador, o que é impraticável.
Quer dizer que o cidadão de bem tem que entregar a sua arma? O cidadão
de bem não pode se defender? Em contrapartida o bandido está aí
superarmado, matando quem bem entender e na hora que bem entender. Um
exemplo típico disso aconteceu em Taubaté, no próprio dia da votação do
referendo, em que o ex-diretor de presídios foi morto assim que acabou
de votar. Assim, o bandido mata quem bem entender e tem até pena de
morte para bandido aqui no Brasil.
Assim, as emissoras de TV, os jornais, acreditavam que o povo votaria
como eles queriam e agora estão cobrando achando que o povo votou
errado. Como votou errado? O cidadão que mora num sítio não tem direito à
defesa? Os senhores mesmos, que trabalham com postos de gasolina, não
têm direito de se defenderem? É só o bandido que tem direito a portar
arma? Temos que ser covardes e temos que abrir as portas para os
bandidos? O pior absurdo seria isso.
Como trabalhei na Rota, anos e anos combatendo o crime, percebi logo de
cara que existem situações - no seu posto de gasolina, na sua casa, na
sua chácara, no seu sítio - em que você pode ter, ou não, uma arma. O
bandido não sabe se você tem, ou não. Mas, se o "sim" ganhasse, a partir
do dia 23, todo mundo iria ficar sabendo que o único que teria a arma
seria o bandido, porque o cidadão não poderia ter mais. Assim, o povo
raciocinou e pensou e votou, sim, em legítima defesa.
Mas o que os governos - federal, estaduais e municipais - e os Deputados
devem fazer? Eles devem criar leis para darem condições de segurança
para a população. Esta é a grande verdade. Não podemos é não ter
polícias nas ruas e bandido matando quem bem entender e na hora que bem
quiser, e passando para o povo a responsabilidade de ter, ou não, uma
arma.
Ora, dêem segurança primeiro ao povo! Dêem segurança para o povo poder
trabalhar e sobreviver! A partir daí, podem até retirar a arma de todo
mundo. Para que arma, se nós morássemos na França, Inglaterra, ou no
Japão? Mas, numa terra onde os bandidos matam diuturnamente, querer
passar a responsabilidade para a arma dos crimes, evidentemente não vai
acontecer. E é evidente tudo aquilo que vimos pela televisão, é uma
incoerência. "Meu filho foi vítima de uma bala perdida!" Infelizmente,
vai continuar sendo vítima, porque as armas vão continuar nas mãos dos
bandidos.
Um trabalhador que compra uma arma para poder se defender, ou tem uma
arma em casa, não vai ficar dando tiros de bobeira nas ruas para acertar
uma bala perdida em alguém. Mas, vejam bem, no máximo dois a 3% da
população brasileira tem arma de fogo. Entretanto, o governo esperava
uma vitória iminente e seria uma história para o mundo o Brasil votando
pelo desarmamento. Mas, aquele que mora numa chácara, ou num sítio, ou
numa fazenda, tem segurança? É um absurdo que policial não possa ter uma
arma de fogo. O policial trabalha, depois deixa a sua arma no serviço e
é obrigado a ir desarmado e sem munição para casa.
O coitado que mora num sítio, ou numa chácara no Mato Grosso, ou no
Amazonas, não pode ter uma espingarda para matar a cobra, ou um jacaré,
que pode comer o filho dele porque a Igreja não quer, o bispo não quer,
os pastores não queriam, a Globo não queria e os intelectuais não
queriam? Mas, graças a Deus, prevaleceu a vontade do povo. Obrigado a
todos e boa sorte!
O SR. FAUSTO FIGUEIRA - PT - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, quero
manifestar a minha solidariedade em relação à derrubada do veto, que
trata das questões que obrigam os supermercados a terem um registro
diferenciado quando têm postos de gasolina.
Evidentemente que isso é uma elisão fiscal e promove uma concorrência
absolutamente desleal em relação aos proprietários de postos de
gasolina, na medida em que os supermercados podem ter preços
diferenciados nos combustíveis porque estão tendo uma lucratividade
muito grande na recuperação do ICMS.
Nesse sentido, ainda como Vereador na cidade de Santos, tivemos uma luta
muito grande em relação à instalação de postos em supermercados. Dentro
da coerência que devemos ter e que a população nos cobra, nesta
Assembléia Legislativa, da mesma maneira como lutei na minha cidade,
luto agora no meu Estado para que o veto que foi aposto a esse projeto
pelo Governador seja derrubado pelos parlamentares.
Isso beneficia o Estado de São Paulo na medida em que existe uma elisão
fiscal imensa em relação ao ICMS dos supermercados e estabelece uma
concorrência desleal entre os proprietários dos postos de gasolina e os
supermercados. As grandes redes de supermercados utilizam-se desse
mecanismo para fazer essa elisão fiscal. Neste momento, manifesto minha
solidariedade aos proprietários de postos de gasolina, que lutam com
dificuldades no seu comércio, que lutam com a concorrência desleal dos
supermercados. (Manifestação nas galerias.)
* * * - Assume a Presidência o Sr. Rodrigo Garcia.
* * * O SR. José Bittencourt - PDT - pelo art. 82 - Sr. Presidente,
senhores parlamentares, senhores representantes de postos de gasolina -
seja o patronato, seja a classe dos funcionários - quero falar sobre
algumas questões técnicas. O veto tem fundamento jurídico no Art. 28, da Constituição
do nosso Estado, que especifica dois prismas para que o Governador
utilize para exarar o veto e, portanto, bloquear algum texto da lei que
ele acha que colide com a Constituição.
O primeiro desses fundamentos é a questão da inconstitucionalidade e o
segundo, a questão da falta de interesse público. A questão do veto à
emenda obstada pelo Governador do Estado, de autoria do Deputado Jorge
Caruso, precisa ser melhor analisada. Não conseguimos vislumbrar nesse
veto o fundamento da inconstitucionalidade e o fundamento da falta de
interesse público.
O Governador Geraldo Alckmin é um homem sensível, é uma pessoa que está
aberta ao diálogo e certamente através da Liderança do Governo nesta
Casa pode-se encontrar uma alternativa para a negociação desse veto.
Repito: não encontramos no veto o preenchimento desses dois requisitos
da inconstitucionalidade e da falta de interesse público. Para confirmar
esse pensamento, trago outro pensamento jurídico: a questão da
concorrência desleal.
Ora, se no supermercado existe uma área destinada para o comércio de
combustível, tenho comigo que se esse posto de gasolina instalado no
supermercado não tiver as mesmas regras jurídicas equivalentes àqueles
que estão negociando combustível em outro lugar da cidade aí está
presente a concorrência desleal. No ato constitutivo que deu origem à
pessoa jurídica do supermercado consta, na finalidade, que ele vai
comprar e vender alimentos, víveres de primeira necessidade, enfim. Não
se fala, em hipótese alguma, salvo melhor juízo, que ele vai comprar e
vender combustível.
Acho, portanto, que existe um desvio de função para a qual o
supermercado, digo em relação à pessoa jurídica, foi criado. De modo que
encontro outro fundamento para solicitar à Liderança do Governo nesta
Casa e aos parlamentares da base de sustentação do governo que nos
debrucemos na análise acurada desse veto. Vamos conversar com o
Governador a respeito desse veto, que é de interesse social.
Resumindo, não vejo presentes os requisitos da inconstitucionalidade e
da falta de interesse público nesse veto para justificá-lo. A persistir o
veto, estar-se-ia desequilibrando a relação entre os postos de gasolina
instalados nos supermercados e aqueles instalados em outros locais. Aí,
estaríamos dizendo que a concorrência é desleal por causa dos
incentivos fiscais que têm os postos de gasolina dos supermercados.
Vejo também a questão do desvio de finalidade. No ato de constituição
de um supermercado em pessoa jurídica não consta na finalidade que ele
vai vender combustível. Gostaria inclusive que o setor dos supermercados
tivesse a mesma oportunidade de se manifestar a respeito para termos
uma discussão democrática.
Não tenho posição fechada ainda. Ainda estamos conversando com a
liderança do nosso partido, com o Deputado José Dilson e os companheiros
para saber qual será a nossa posição em relação a essa questão do veto.
Mas para o que é de direito, o que é de interesse social e o que for
efetivamente jurídico, contem com o apoio deste Parlamentar.
(Manifestação nas galerias.)
O SR. Jorge Caruso - PMDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, senhores e senhoras presentes nas galerias, agradeço a
presença do Sincopetro, do Regran, Sindicato do Grande ABC, da Federação
dos Frentistas, do Sindicato dos Frentistas do Estado de São Paulo, dos
donos de postos de combustíveis. Daremos hoje início à discussão da
derrubada de um veto parcial a um projeto complexo.
Algum tempo atrás, iniciei, através de um amigo, Taconi, que trabalha
com o Vereador Goulart, a elaboração de um projeto nesta Casa para
acabar com uma coisa: a concorrência desleal que existia entre os postos
de gasolina tradicionais e os postos de combustíveis instalados em
grandes hipermercados. Uma concorrência desleal caracterizada por uma
falha da legislação, que permite hoje que as pessoas que têm postos de
combustíveis tradicionais e aqueles postos de combustíveis instalados em
grandes hipermercados etc.
Uma concorrência desleal caracterizada por uma falha da legislação faz
com que hoje as pessoas que têm postos de combustível tradicional, que
pagam regularmente seus impostos, que pagam piso salarial para seus
funcionários sintam-se lesadas por aqueles que têm grandes
supermercados, que não têm frentistas, mas sim estoquistas e arquivistas
nas bombas, que trabalham com piso salarial muito mais baixo. Isso já
faz com que o preço deles seja muito baixo e diferenciado. Isso já faz
com que os funcionários deles, que estão nas bombas, sejam lesados. Ou
seja, há uma descaracterização total de função e uma concorrência
totalmente desleal, sem falar do grande problema da substituição
tributária, as dificuldades que os donos de postos têm para receber de
volta o imposto a maior que é pago todos os meses. Se este fosse um país
justo pagaríamos pelo litro que vendemos na bomba e não por um valor
prefixado pelo governo e depois termos de enfrentar um procedimento
enorme para receber aquilo que pagamos a maior.
Em compensação os supermercados, os grandes empreendedores de gêneros
alimentícios que vendem combustível não têm todo esse trabalho. Pelo
simples fato de terem um contador razoável, basta uma cédula ou um
documento que eles conseguem receber isso de volta, através do
instrumento da substituição tributária, o que aumenta ainda mais essa
concorrência desleal com a qual o Estado de São Paulo hoje é conivente.
Quando entramos com o projeto aproveitamos um projeto muito positivo do
Governador, que fez um esforço muito grande com o Sincopetro, uma
parceria muito forte também com a Rádio Bandeirantes, que bateu muito
forte na questão de se fechar os postos de gasolina que vendessem
combustíveis adulterados e cassar a inscrição dos mesmos.
Como existiam dois projetos - um meu e outro do Governador -, acabei
fazendo um substitutivo e peguei essa parte da substituição tributária e
da concorrência desleal, fizemos anexação do projeto do governo e
votamos. E foi uma votação muito positiva e unânime. Não há qualquer
problema com nenhum Deputado com relação ao mérito desse projeto.
Felizmente o Governador sancionou a parte da cassação da inscrição
estadual por adulteração de combustível. Até brincava com o Zeca outro
dia, que me lembro de quando via as faixas em volta do palácio
parabenizando o Governador pela sanção do projeto, disse que deveria ter
nas faixas um detalhe dizendo ao Governador que ele errou ao vetar
parcialmente o maior problema dos donos dos postos, que é a concorrência
desleal. Tivemos uma reunião na semana passada e vemos uma grande
possibilidade de corrigir esse engano cometido no palácio. Acho que o
Governador não foi informado dos efeitos reais. Ele é uma pessoa justa,
que luta para que todos tenham igualdade de direitos e deveria ser o
primeiro a abraçar esta causa acabando com essa concorrência desleal.
Acho que não houve oportunidade para o Governador tomar conhecimento. E
este é um grande momento através das manifestações. Esperamos que esta
Casa num curto espaço de tempo tome a iniciativa e derrube este veto
parcial e acabe com essa concorrência desleal. Se vai haver outros
desdobramentos depois na Justiça ou não, é um outro problema. Mas acho
que esta Casa tem a obrigação de colocar fim a essa questão da
concorrência.
Temos uma outra briga, que ficará para uma outra etapa. Estão aqui os
Deputados Geraldo Lopes, Romeu Tuma, Baleia Rossi e Arnaldo Jardim que
subscreveram um projeto sobre a proibição de se ter postos de gasolina
em supermercados por uma questão de meio ambiente e segurança pública.
São bombas ambulantes onde a população está sentada. Mas isso é para uma
outra etapa e acho que esta Casa também tem a obrigação de resolver num
curto espaço de tempo. Muito obrigado.
O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, é um prazer falar em nome da liderança do governo. Entendemos
muito bem a reivindicação. Hoje a bancada do PSDB também discutiu esse
assunto. Achamos que deveríamos ir até o Governador e negociar a
derrubada do veto.
Não é apenas em relação aos postos de gasolina que os supermercados
estão praticando concorrência desleal. Hoje os supermercados têm
farmácias, lojas de celulares etc. que estão acabando com os pequenos
comerciantes. A meu ver precisamos prestigiar esses postos de periferia,
em que trabalha a família. Os grandes supermercados estão se
transformando em multinacionais que compram mais barato do que uma
empresa pequena. Isso não está restrito apenas à gasolina. Eles estão
entrando em outras áreas.
A questão das farmácias dentro dos supermercados me preocupa muito. Isso
porque essas farmácias não fazem plantão, mas elas têm a obrigação de
abrir aos domingos, nos finais de semana, à noite. No entanto elas
fecham. Vamos levar o problema ao Governador, que é um homem justo.
Vamos explicar a ele onde está o interesse da maioria.
Deputado Jorge Caruso, parabéns pela emenda. Acho muito justa. Apoiamos
Vossa Excelência. E sem dúvida, como V. Exa. falou neste microfone, o
nosso Governador é justo e vamos levar essa preocupação a ele, para que
possamos resolver esses problemas o mais rápido possível.
A cada dia os supermercados estão avançando em um item. A minha
preocupação, como já disse, é com as farmácias. Para os supermercados
infelizmente existe essa lei federal que lhes permite vender com
prejuízo e depois recuperar através do ICMS, sempre ganhando. E as
outras farmácias não têm essa facilidade.
Vejo a emenda com muita simpatia. Com certeza o veto ocorreu porque o
corpo técnico não explicou corretamente ao Governador. Muitas vezes o
Governador veta ou sanciona de acordo com o parecer das secretarias. E
muitas vezes nem mesmo o próprio secretário avaliou. Por vezes alguns
técnicos vetam o projeto. Se for inconstitucional, tudo bem, mas como é
do interesse da sociedade, vejo essa emenda de forma positiva para toda a
população. Para isso é preciso regulamentação.
Faço também um apelo aos donos dos postos porque vejo que cada cidade
tem um preço único. É preciso concorrência também entre os postos. Os
donos dos postos também precisam mostrar que a concorrência funciona.
Fazemos um apelo aos sindicatos patronais para observarem esse aspecto
também. Vamos tentar achar uma solução junto com o Deputado Jorge
Caruso. Muito obrigado.
O SR. JONAS DONIZETTE - PSB - PELO ART. 82 - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente, Srs. Deputados, aqueles que acompanham os nossos trabalhos
nesta tarde, aqueles que acompanham a TV Assembléia, acredito que já deu
para saber o assunto de hoje, em virtude da abordagem dos Deputados que
me antecederam. Estamos falando de um assunto que diz respeito a postos
de gasolina instalados em áreas de hipermercados. Esses postos têm, via
de regra, condição de vender o combustível por um preço mais barato do
que os outros instalados numa mesma cidade.
Este assunto vem sendo debatido em muitas câmaras municipais. Quando eu
era Vereador, na cidade de Campinas, lidei muito com isso. Não só nessa
questão, mas também na de código de obras, que diz respeito à legislação
municipal. Muitas câmaras estão debatendo esse assunto, e considero
prudente pensar de uma forma maior, o Estado de São Paulo como um todo.
E, aí, pode vir a pergunta de pessoas que estão nos assistindo: por que
os Deputados não querem que venda gasolina por um preço mais em conta?
Mas não é essa a questão. A questão é qual o expediente para que esse
combustível seja vendido por um preço menor.
A concorrência é muito salutar, e já pudemos experimentar isso em vários
setores da economia. A concorrência traz benefício para a população,
traz melhora de qualidade de produtos e de preços, mas a concorrência
saudável posta nos mesmos parâmetros de equilíbrio e não a concorrência
desigual, a predatória. Aí fica fácil.
Tenho certeza que, se as condições estabelecidas para esses postos
instalados em imediações de hipermercados fossem estendidas aos demais
postos, eles também teriam condições de vender o combustível por um
preço inferior. É sobre essa questão que estamos nos debruçando, estamos
debatendo o Projeto do Deputado Jorge Caruso. Já temos conversado, há
algum tempo, sobre o projeto que diz respeito à proibição, pura e
simples, de postos em hipermercados, e tenho algumas ressalvas. Nós
devemos debater com mais cautela esse assunto. Permitir que o posto de
gasolina fosse uma parte agregada do hipermercado que, portanto, possa
ter benefícios fiscais, que faz com que ele venda o produto por um preço
aquém do que pode ser vendido, é algo que desequilibra todo mercado de
combustível.
O que o projeto diz em si? Que o posto pode existir, mas enquanto posto
de gasolina. Se ele vai ter posto de combustível, terá de ter a sua
inscrição própria e se sujeitar a todas as regras. Não só regras de
imposto, mas regras trabalhistas também. Hoje sabemos que um
funcionário, que muitas vezes presta serviço numa bomba de um posto de
gasolina de um supermercado, não é registrado como frentista, com seu
piso salarial e suas obrigações trabalhistas. É nesse sentido de justiça
tributária para uma mesma categoria que exerça uma mesma prestação de
serviço, que devemos, sim, discutir. No caso, estamos falando que os
postos de combustíveis tenham regras iguais para todos.
Não é à toa que esse assunto virou polêmica. Hoje, isso é uma mina de
ouro para os hipermercados. Esta é a verdade. Eles estão tendo, através
desse expediente, uma condição, por ser um local onde naturalmente já se
arregimenta muitos veículos de pessoas que vão fazer as suas compras.
Não é justo que, tendo a condição que tem, ainda tenha benefícios
tributários e concorra em condições desiguais com os seus concorrentes
do mesmo ramo de comércio.
Neste sentido, devemos, sim, trazer esse veto. Faz muito bem o Deputado
Jorge Caruso trazer esse veto à discussão para que possamos fazer a
justiça tributária. Vamos exigir, sim, da categoria. Tenho certeza que
os senhores serão parceiros no sentido de prestação de bons serviços
para a comunidade, na questão do menor preço possível, mas respeitando
regras iguais para todos que estão trabalhando no mesmo setor. Obrigado,
Sr. Presidente. (Palmas.)
O SR. RICARDO CASTILHO - PV - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, amigos que lotam as nossas galerias, funcionários desta Casa,
Penápolis está, hoje, em festa. Fundado no dia 25 de outubro de 1908,
esse município completa hoje 97 anos de emancipação política. Estive lá
presente no início das festividades e no desfile. Participei de parte do
desfile e depois pedi permissão às autoridades para me deslocar para
esta Casa para mais um dia de trabalho. Deixo aqui consignados os
cumprimentos por mais esse ato festivo na nossa cidade. Um voto de
parabéns às autoridades e ao povo de Penápolis.
Se, por um lado, estamos alegres e festejando, temos, por um outro lado,
motivo de muita tristeza. Quero deixar consignado o voto de pesar, o
protesto contra mais um ato brutal de violência cometido em Taubaté,
onde foi vitimado, barbaramente, o Dr. Pedrosa, ex-diretor da Casa de
Custódia da cidade de Taubaté.
É a violência desenfreada que atemoriza, que levou a população, de uma
forma bem clara, a votar no referendo pelo "Não". É a insatisfação, a
certeza de que continuamos em total insegurança no âmbito municipal,
estadual e federal. Que esse voto de domingo sirva de exemplo para que
as nossas autoridades parem de cortar as verbas destinadas à Segurança.
Nós, Deputados estaduais e federais, votamos, nos orçamentos públicos,
verbas relativamente boas para a Segurança. Só que, depois, essas verbas
vão sendo cortadas, da mesma forma que a arrecadação do CPMF, que era
dedicado à Saúde, foi sendo desvirtuado, e hoje a Saúde continua na UTI.
Deixo, portanto, consignado esse protesto, o voto de pesar ao povo de
Taubaté, às autoridades da Casa de Custódia de Taubaté, e que este
alerta sirva para que fatos dolorosos incríveis como esse não aconteça
mais nos municípios, no Estado de São Paulo, no Brasil.
Finalmente, quero cumprimentar o nobre Deputado Jonas Donizette pela
forma coerente e clara com que ele apresentou o seu apoio à derrubada do
veto ora em questão. Mantendo esse veto, estaremos protegendo o
capitalismo selvagem, o capitalismo desigual, do mais poderoso engolindo
o mais fraco e com isso, ninguém pode concordar.
Na ausência do nosso Líder, Deputado Giba Marson, eu, na condição de
Vice-líder, quero deixar claro que toda a Bancada do Partido Verde está
ao lado daqueles que pleiteiam a derrubada do veto. E vamos ensejar
esforços, vamos nos unir no sentido de sensibilizar o Sr. Governador
para que atos como esse seja mais bem discutido. Não podemos permitir
que um poderio econômico use de uma só inscrição para fazer concorrência
desleal com aqueles que respeitam não apenas as leis de economia, como
as leis de mercado, como a legislação trabalhista, pagando seus
funcionários, seus frentistas de acordo com a lei trabalhista.
Deixo aqui, em nome da Bancada do Partido Verde, o nosso apoio à
derrubada deste veto. Se os senhores donos de supermercados quiserem
vender combustível, que façam uma inscrição própria, que respeitem a
legislação para assim, em igualdade de condições, disputar com os
senhores. (Manifestação nas galerias.)
O SR. JORGE CARUSO - PMDB - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, quero comunicar à galeria do esforço do Líder do Governo,
Deputado Edson Aparecido, no sentido de solucionar da melhor forma
possível essa questão. Vamos subir agora para uma reunião a fim de
tentar equacionar o problema desse veto.
Também quero, Sr. Presidente, agradecer a manifestação de V. Exa., na
semana passada, quando pedimos que V. Exa. recebesse uma comissão dos
sindicatos dos donos de postos e dos frentistas.
Quero dizer ao pessoal que está na galeria que na seqüência talvez
suspendamos os trabalhos para tentar alguns acordos, dentro da pauta, e
lembrá-los que depois da suspensão, iremos ao seu gabinete para que V.
Exa. receba a reivindicação justa desse pessoal. (Manifestação nas
galerias.)
O SR. JOSÉ DILSON - PDT - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, a minha manifestação é no sentido de solidariedade à
derrubada do veto. Sabemos do poderio econômico que as grandes redes de
hipermercados, em especial as duas redes famosas que têm postos de
gasolina dentro de suas propriedades. Na verdade, não são apenas os
postos de gasolina que sofrem com essa concorrência desleal.
Alguns anos atrás íamos numa mercearia comprar um frango para comer.
Hoje, o supermercado tem cerca de 83 mil itens e mesmo assim,
insatisfeito, quer deter uma espécie de exclusividade sobre mais um
setor: o do combustível. Assim como os shoppings centers. Toda vez que
alguém está ganhando dinheiro em algum setor, eles se lançam
concorrentes. Vemos a cobrança nos estacionamentos dos hipermercados e
dos shoppings centers.
O "lobby" é muito grande no que diz respeito a essas redes de
supermercados. E hoje, nesta Casa, podemos nos sentir satisfeitos em
exercer o nosso mandato porque iremos tomar uma atitude em benefício não
só dos donos dos postos de gasolina, mas da população do Estado de São
Paulo e, quiçá, de todo o Brasil. (Manifestação nas galerias.)
O SR. MILTON VIEIRA - PFL - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, gostaria, em nome da Bancada do PFL, de expressar o nosso
apoio à PEC. Tivemos a visita de vários Agentes Fiscais de Renda nos
gabinetes, mas queremos também registrar nossa posição favorável à
derrubada do veto em apoio è emenda do Deputado Jorge Caruso. Somos
favoráveis à derrubada do veto porque entendemos que isso prejudica os
postos de gasolina tradicionais, isso prejudica a categoria de uma forma
geral. Portanto, somos favoráveis à derrubada do veto e também à PEC. O
subteto vai ajudar essa categoria nas suas justas reivindicações.
(Manifestação nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Vamos passar à Ordem do Dia.
* * * - Passa-se à ORDEM DO DIA
* * * O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Esta Presidência dá as
boas-vindas ao público presente nas galerias, proprietários de postos de
gasolina e funcionários desse segmento, também dá as boas-vindas aos
agentes fiscais de renda, funcionários do Poder Executivo Estadual.
Quero dizer a todos que num esforço conjunto, coletivo de todos os
líderes e Deputados desta Casa, esta Presidência fará algumas
convocações no sentido de instruir os projetos em questão para que
possamos ainda na noite de hoje realizarmos uma sessão extraordinária
com o objetivo de deliberar sobre os mesmos.
É fundamental, neste momento, que o Plenário delibere algumas urgências.
Na seqüência, esta Presidência fará a convocação das Comissões para a
instrução dos projetos e suspenderíamos a sessão por algum tempo. Tendo
todos os projetos instruídos, retornaríamos ao plenário e faríamos a
convocação da sessão extraordinária para a noite de hoje.
Vamos, portanto, passar à votação de alguns requerimentos.
- requerimento, do Deputado Campos Machado, solicitando tramitação em
regime de urgência para o Projeto de lei nº 853, de 2003, de autoria do
Deputado Ubiratan Guimarães.
Em discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão.
Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como
se encontram. (Pausa.) Aprovado.
- requerimento, de autoria da Mesa Diretora desta Casa, solicitando
tramitação em regime de urgência ao Projeto de lei nº 414, de 2005. Em
discussão. Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão. Em
votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se
encontram. (Pausa.) Aprovado.
- requerimento, do Deputado Renato Simões, solicitando constituição
de comissão de representação, composta de nove membros, com o objetivo
de participar do seminário "Mutirão por um novo Brasil", dentro da
Quarta Semana Social Brasileira, da CNBB, que vai se realizar nos dias
25 a 28 de outubro, em Brasília.
Em votação. Os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
O SR. RENATO SIMÕES - PT - Sr. Presidente, gostaria de antes de V. Exa.
fazer a convocação, consultar os demais líderes presentes em plenário
sobre a suspensão de nossos trabalhos por 10 minutos para que possamos
nos colocar em acordo sobre a pauta de votações.
O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Esta Presidência, havendo
acordo, suspenderá a sessão. Antes esclarece que apenas convocaremos as
comissões.
O SR. RENATO SIMÕES - PT - É justamente sobre isso, Excelência O SR.
PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - É sobre o mérito das comissões?
Correto.
Então, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, estão suspensos os trabalhos por 10 minutos.
Está suspensa a sessão.
* * * - Suspensa às 17 horas e 30 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 58 minutos, sob a Presidência do Sr. Romeu Tuma.
* * * O SR. ELI CORRÊA FILHO - PFL - Sr. Presidente, havendo acordo
entre as lideranças presentes em plenário, solicito a suspensão dos
trabalhos por 15 minutos.
O SR. PRESIDENTE - ROMEU TUMA - PMDB - Em face do acordo entre as
lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Eli
Corrêa Filho e suspende a sessão até as 18 horas e 15 minutos.
Está suspensa a sessão.
* * * - Suspensa às 17 horas e 59 minutos, a sessão é reaberta às 18
horas e 29 minutos, sob a Presidência do Sr. Rodrigo Garcia.
* * * O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Esta Presidência,
atendendo ao pedido do nobre Deputado Ricardo Castilho, registra a
presença no Parlamento de São Paulo, do Presidente da Câmara de
Luisiânia, José Paulo Pereira, e do Vereador Marcos Roberto de Brito,
que visitam a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Recebam as
homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)
Cabe a esta Presidência informar ao plenário e às galerias o resultado
da reunião ocorrida há pouco nesta Casa, com a presença de Srs.
Deputados e Líderes de vários partidos. Busca-se um grande entendimento
que possibilite a votação dos projetos de lei que estabelecem o subteto
dos Poderes Legislativo e Executivo no Estado de São Paulo e também a
deliberação sobre o veto do Sr. Governador que versa sobre a
concorrência desleal ocorrida entre os setores dos combustíveis, já
esclarecida por todos os Srs. Deputados que usaram a tribuna.
Até o momento os Srs. Deputados não encontraram uma redação adequada que
pudesse expressar no termo da lei aquilo que é o grande entendimento
desta Casa, no tocante ao veto e também ao subteto. Ou seja, no tocante
aos dois assuntos que estão em discussão neste momento na Casa.
Portanto, o entendimento sobre um texto faz com que não possamos, na
sessão extraordinária de hoje à noite, deliberar sobre as duas questões.
Assim, para amanhã às 14 horas e 30 minutos, esta Presidência convocou o
Colégio de Líderes para discutir não só o orçamento do Estado, mas
também especificamente essas duas matérias, objeto de diálogo e
discussão neste plenário.
Coube a este Presidente, portanto, informar a todos que até o momento os
Srs. Líderes e os Srs. Deputados - e o nosso prazo regimental já se
encontra exíguo - não conseguiram encontrar a redação adequada a
respeito das duas matérias, o que nos obriga a discuti-las no dia de
amanhã e não mais deliberá-las no dia hoje, conforme manifestação de
todos os Srs. Deputados que usaram a tribuna, como era a vontade da
grande maioria desta Casa.
Esta Presidência convocará uma sessão extraordinária para tratar de
outros assuntos não contemplando o projeto que trata sobre o veto do Sr.
Governador aos combustíveis e os projetos de lei de autoria da Mesa
Diretoria da Casa que tratam do subteto salarial.
Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, da XII Consolidação do
Regimento Interno, convoco V.Exas. para uma Sessão Extraordinária a
realizar-se hoje, sessenta minutos após o término da presente sessão,
com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia:
* * * - N.R. - A Ordem do Dia foi publicada no D.O. do dia 26 de outubro
de 2005. * * * O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Quero
registrar a satisfação deste Parlamento em receber os senhores presentes
nas galerias. Esta Casa está aberta ao diálogo, ao debate e à
deliberação. A presença de todos é muito bem-vinda e necessária para a
busca do entendimento em relação às matérias que estão em discussão
nesta Casa. Atendendo ao Deputado Jorge Caruso, estaremos recebendo a
comissão ligada ao setor dos combustíveis, e espero que no dia de amanhã
os Srs. Líderes e os Srs. Deputados possam promover algum entendimento
que leve a Assembléia Legislativa de São Paulo a deliberar as matérias
em questão.
Estamos na nossa Ordem do Dia e esta Presidência consulta se algum
Deputado se manifestará a respeito do levantamento da sessão. Senão,
iniciaremos a discussão do projeto de cobrança dos recursos hídricos.
O SR. EDSON APARECIDO - PSDB - PARA RECLAMAÇÃO - Primeiro, quero
concordar com o encaminhamento que V.Exa. acabou de fazer em relação à
sessão extraordinária sobre os três projetos dos três poderes, e em
seguida a questão da Unesp. Quero manifestar a minha preocupação sobre
algo que se repete continuamente na Comissão de Finanças e Orçamento
desta Casa.
Por várias vezes falei deste microfone, inclusive com V.Exa. na
Presidência, que a Comissão de Finanças e Orçamento insiste, através de
seu Presidente e por alguns de seus membros, em tomar as seguintes
decisões: A comissão, com quorum absolutamente esvaziado, após
esgotamento de toda matéria relativa a sua convocação, passa a tratar de
assuntos que não dizem respeito à convocação específica das reuniões da
comissão. E o fez novamente na tarde de hoje, quando a comissão já
estava esvaziada, quando já não tinha a presença de boa parte de seus
membros, com quorum questionável, votando a convocação feita pelo
Deputado Edmir Chedid da vinda do Secretário de Educação, Gabriel
Chalita.
Todos os líderes desta Casa conhecem a prática da Liderança do Governo,
que é procurar discutir com todas as comissões e com todos os partidos
para que, quando haja necessidade da presença de membros do Governo
nesta Casa, possam vir como sempre vieram, e não tenha que se criar, por
exemplo, o desconforto criado pelo Deputado José Caldini Crespo. Mesmo
não tendo sido convocado o Procurador Geral do Estado, o Dr. Elival
esteve presente.
O "Diário Oficial" da Assembléia continuamente dá versões de parte das
comissões e de Srs. Deputados sem ouvir os demais Deputados das
comissões. O Procurador Geral do Estado não foi convocado, mas veio a
convite - a convocação sequer chegou ao procurador-geral -, e agora a
Comissão de Finanças e Orçamento repete a mesma atitude ao fazer a
convocação do Secretário Chalita. O secretário virá no momento oportuno.
Cumprirá, sem dúvida, aquilo que determina a decisão da Comissão de
Finanças, que tem dado péssimos exemplos que não condizem exatamente com
o espírito de debatermos democraticamente as questões, e para que possa
buscar de forma acordada a vinda de membros, com o debate aberto. E
isso não tem sido feito.
Essa tem sido a prática, diferente das demais comissões que, mesmo sendo
presididas por partidos de oposição, o diálogo tem sido a prática. A
atitude do presidente da Comissão de Finanças e de alguns de seus
membros não tem sido a regra do diálogo e de respeito ao Regimento da
Casa.
Apenas queria me manifestar em relação a isso. É importante que todos os
Deputados saibam disso. É fundamental a participação de todos nas suas
comissões para que tenhamos diálogo, debate e uma disputa tranqüila. Não
fazer como a Comissão de Finanças, nas audiências em que foi elaborado o
orçamento, em que a comissão foi a determinadas regiões do Estado única
e exclusivamente para criticar colegas Deputados. Assim o fizeram em
várias regiões do estado de forma deselegante.
É fundamental que possamos manter o mais alto diálogo que a Liderança do
Governo tem procurado manter nesta Casa. Que não substituamos a disputa
e o embate que possam haver. Não há problema algum em relação a isso. O
embate político é a questão central do parlamento. O que não pode haver
é o tipo de coisa que se repete pela enésima vez na Comissão de
Finanças, que é exatamente esse tipo de decisão e que não contribui para
que a comissão e a Assembléia se fortaleçam. Era apenas isso, Sr.
Presidente.
O SR. EDMIR CHEDID - PFL - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, membros da galeria, o nobre Deputado Edson Aparecido está
equivocado. Não fui eu o autor da convocação do Sr. Secretário da
Educação Gabriel Chalita na Comissão de Finanças e Orçamento. Fui
subscritor depois de aprovado, na Comissão, o requerimento, por escrito,
do Deputado Romeu Tuma. Havia quorum, só não havia membros do PSDB para
acompanhar o término da reunião da Comissão de Finanças e Orçamento.
Agora, quanto a outras questões que o nobre Deputado Edson Aparecido
coloca, que a Comissão de Finanças e Orçamento foi para fazer críticas
aos Srs. Deputados, talvez seja do Prefeito da cidade, onde ele é o
Deputado mais votado, que fez crítica a ele e ao governo. Foi o Prefeito
do partido dele. Muito obrigado.
O SR. ROMEU TUMA - PMDB - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, o Deputado
Edmir Chedid já informou, e eu queria informar ao Deputado Edson
Aparecido que o autor do requerimento foi este parlamentar.
Sr. Presidente, quero dizer que não o fiz antecipadamente porque, quando
cheguei à Comissão, como sou suplente, havia a discussão sobre a
questão do Orçamento. Esperei o encerramento do assunto para apresentar o
requerimento, que foi votado. Havia quorum regimental. Foi solicitado,
inclusive em respeito ao Regimento Interno, a inclusão do requerimento
na Ordem do Dia. O Presidente deliberou com os parlamentares que lá
estavam, e aí, sim, foi votado e aceito.
Quero eximir totalmente o presidente da Comissão, uma vez que o Deputado
Edson Aparecido se referiu a ele como uma pessoa tendenciosa. O que não
é verdade. O presidente da Comissão não tinha ciência do meu
requerimento. Como eu disse, cheguei no meio da reunião, e aguardei
apenas o momento oportuno para outras deliberações. Quando apresentei o
requerimento, o fiz pautado em denúncias graves, que foram veiculadas
pela Rádio Jovem Pan, depois de uma entrevista dada pelo próprio Sr.
Secretário, na qual ele admitiu o fato de ter 200 carros de transporte
de estudantes, "escondidos", vamos dizer assim, entre aspas, na
Secretaria da Agricultura, para serem entregues oportunamente, quando
ele entender ser cabível.
É uma denúncia muito grave, e fica a convocação. A convocação foi
aprovada pelos membros presentes. O Deputado José Caldini Crespo,
Presidente, não foi tendencioso ao colocar a proposta em votação.
Coloquei o requerimento no momento oportuno. Assim foi deliberado, não
só a inclusão na pauta da Ordem do Dia da Comissão, mas também a
deliberação. Ele foi aprovado, se não me falha a memória, por todos os
membros presentes, inclusive pelos membros da base do governo.
Queria deixar isto claro, eximindo o Deputado Edmir Chedid de qualquer
tipo de responsabilidade, até porque ele não seria o responsável, e o
Deputado José Caldini Crespo, Presidente, que também recebeu, naquele
momento, o nosso requerimento. Deixo isto aqui consignado para evitar
injustiça. Muito obrigado.
A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - PARA RECLAMAÇÃO - Deputado Enio Tatto, agradeço a gentileza da cessão.
Em primeiro lugar, eu penso que a convocação do Sr. Secretário não é
nenhuma atitude desrespeitosa, porque temos feito os convites. Na
Comissão de Educação, esses convites têm sido transformados, pela
Deputada Maria Lúcia Amary, em idas à Secretaria da Educação.
Não obtivemos nenhuma resposta quando o Deputado Roberto Felício, há
dois meses, propôs a vinda do Sr. Secretário à Comissão. Novamente, a
Deputada Maria Lúcia Amary marcou outra reunião. Foi sucessivamente,
adiada. Porque o Sr. Secretário hoje, por exemplo, está em Santos,
lançando mais um de seus livros, como esteve, na outra semana, com o
Padre Marcelo e o Sr. Governador, tem pouco tempo para receber a
Comissão? Estive atenta à Jovem Pan, bem como às falas dos Deputados
Edmir Chedid e Jorge Caruso, na sexta-feira, deste plenário, que pediam
providências sobre 200 microônibus e vans na Secretaria da Agricultura e
Abastecimento, ônibus e vans na Secretaria da Educação. Em resposta, o
Sr. Secretário disse que não havia demanda. Se não havia demanda, por
que comprou? Entendo que isso me compete e solicitei, sim. Fui atendida
porque lá tínhamos um membro, que estava acompanhando este assunto, o
Deputado Romeu Tuma, que aprovasse a convocação do Sr. Secretário. Não
acho desrespeitoso. Isso não é golpe. O Regimento Interno da Casa
permite a qualquer comissão, até porque vamos confrontar no Orçamento,
deste ano em curso, o que está previsto no transporte escolar, como foi
gasto, como foi encaminhado e como será para o ano que vem. Muito
obrigada.
O SR. ENIO TATTO - PT - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, quero discordar totalmente do Deputado Edson Aparecido, e
colocar que a Comissão de Finanças e Orçamento se reuniu hoje.
Apreciamos 33 projetos de lei. Aprovamos na Comissão uma proposta, para
levar para o Colégio de Líderes, a respeito das audiências públicas e a
forma de contemplar as emendas das audiências públicas e dos Deputados.
E, por último, apreciamos esse requerimento assinado pelo Deputado Romeu
Tuma, por este Deputado e pela Deputada Maria Lúcia Prandi. Nesse
momento, não havia nenhum Deputado do PSDB. Aliás, isso tem sido uma
rotina na Comissão de Finanças e Orçamento, o Deputado da bancada do
PSDB ir lá e ficar cinco, dez minutos e sair, e não foi diferente hoje.
O Deputado Vaz de Lima esteve presente, participou de parte da reunião,
e, por último, o Deputado Edson Aparecido também participou de uma parte
da reunião. Retira-se da reunião, antes de ter terminado. No final,
tinham seis Deputados da Comissão, de nove, tinham seis, e foi aprovado
esse requerimento, que acho que está dentro do Regimento Interno, sem
problema nenhum.
Discordo totalmente e isento totalmente o Deputado José Caldini Crespo,
presidente da Comissão, de qualquer tipo de golpe, como o Deputado Edson
Aparecido colocou aqui. Foi uma vontade da Comissão, que tinha seis
membros presentes. Muito obrigado.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, eu sempre acreditei que delegado trabalha em delegacia;
médico trabalha em hospital; professor trabalha em escola. Estava
meditando, pensando, o que teria levado a Comissão de Finanças e
Orçamento a convocar o Sr. Secretário de Educação. Estava penando,
refletindo, indagando, qual teria sido a razão básica. Inversão dos
valores? Inversão de fatos? Questões político-eleitorais? Eu não tenho
nenhum grau de amizade com o Sr. Secretário Chalita. Só o vi numa festa.
Mas, admitir essa convocação espúria como ato lícito, correta e legal,
desculpem-me os Deputados, companheiros do PT, é falsear os fatos. Não
dá para admitir que uma Comissão de Finanças, como dizia o Deputado
Edson Aparecido, ao cair da tarde, ao pagar das luzes, ao queimar-se as
lâmpadas, resolva convocar, lá na delegacia, um médico para assumir o
plantão.
Deputado Ricardo Tripoli, por favor, me esclareça: estou falando grego
na França, e francês lá na Inglaterra? Sr. Presidente é lamentável o que
aconteceu. E não há nenhuma explicação lógica, racional que embase, que
justifique a convocação do Sr. Chalita. Se ele está lançando um livro
lá em Santos, é problema dele. É uma questão da Casa a Comissão de
Finanças resolver uma questão policial. A Segurança Pública, uma questão
de Finanças. Onde estamos, Sr. Presidente, e para onde vamos? Muito
obrigado.
O SR. ROBERTO FELÍCIO - PT - Primeiro, Sr . Presidente, quero me referir
ao fato de estarmos na sala vizinha, durante a reunião da Comissão de
Educação. E isso foi às 15 horas. Quero, em primeiro lugar, esclarecer
ao Deputado Campos Machado que não foi ao cair da tarde e nem quando as
lâmpadas estavam queimadas. Foi às 15 horas, que, no horário de verão,
são 14 horas. Portanto, sob sol forte da tarde desta terça-feira. Não
teve sequer uma única lâmpada quebrada.
Mas, o mais importante disso é que, independente disso, há uma denúncia,
que não sabemos se é verdadeira ou não o que está acontecendo, mas é
uma situação que exige explicação por parte do governo. A explicação
poderá ser feita através de convocação da Comissão de Educação, mas na
Comissão de Educação não tivemos êxito. Um Deputado da base governista
pediu vistas do pedido que fizemos da convocação do Secretário.
Segundo, a Comissão de Fiscalização e Controle seria uma comissão
adequada para fazer isso, mas não teríamos hoje reunião da Fiscalização e
Controle. A Comissão de Finanças e Orçamento pode, sim, tratar desse
assunto. Gostaria de desafiar os Deputados que estão dizendo o contrário
a mostrarem o impedimento que a Comissão de Finanças e Orçamento teria
para a constatação de um episódio que envolve compra de patrimônio
público, portanto, com utilização de recursos públicos, e que por estar
parado há meses no pátio da Secretaria de Agricultura é estranho.
É estranha já a localização desses veículos porque vans e microônibus
estão estacionados no pátio da Secretaria da Agricultura e por suposição
essas vans seriam utilizadas para transporte de aluno. Não quero
acreditar que por possa haver um desvio - como já houve no passado
quando se desviou verba da merenda escolar para os bichos do zoológico -
das vans, compradas com dinheiro da Educação, que tem verba vinculada,
para uma outra finalidade. É possível até que as vans estejam apenas
guardadas no pátio da Secretaria da Agricultura. Por que estão guardadas
lá e por que não estão nas Prefeituras para o devido transporte?
Portanto, o que importa, de qualquer maneira, não é qual a Comissão que
vai analisar. Há possibilidade de um acordo.
* * * É dado um aparte anti-regimental.
* * * Deputado Campos Machado, ouvi atentamente V. Exa. e acho que não
cabe essa observação. A Comissão de Fiscalização e Controle pode ser a
mais adequada. Houve acordo para fazermos a convocação do Secretário via
Comissão de Fiscalização e Controle? Não houve. A base do Governo está
evitando via Comissão de Educação e Fiscalização e Controle, já que ela
se retira mais cedo. O que a base do Governo precisa entender que
precisa chegar no horário da reunião e não deve se retirar antes, senão
os que estão ali têm o direito de aprovar, como de fato aprovaram, a
convocação do Secretário. De resto, é nosso desejo as explicações também
sobre a greve. Em relação àquela convocação transformada em convite,
conforme sugestão feita pela Deputada Maria Lúcia Amary, nós
concordamos, só que transcorridos 40 dias não conseguimos ainda
esclarecimento do Secretário sobre o problema da superlotação das salas
de aula.
O SR. RICARDO TRIPOLI - PSDB - PARA RECLAMAÇÃO - A primeira questão a
levantar é que a Bancada do PSDB tem um único membro na Comissão de
Finanças e Orçamento, o nobre Deputado Vaz de Lima, vocacionado,
preparado para essa área específica. Esse Deputado tem comparecido a
todas as sessões da Comissão, pelo que me consta, e todos sabem que é um
grande colaborador nas questões do orçamento. Portanto, me estranha
muito o fato de os representantes do Partido dos Trabalhadores, que
fazem a oposição sistemática e constante ao Governador Geraldo Alckmin,
falarem que o Deputado da Bancada do PSDB não participa das reuniões das
Comissões.
O que se ouve muito na Casa é que em não havendo quorum para a
continuidade das sessões, a Presidência da Comissão de Finanças e
Orçamento tem entendido, passando por cima do que diz o Regimento
Interno, deliberar de acordo com suas vontades, o que não é cabível a
partir do momento em que temos um Regimento e este deve ser respeitado.
Segundo, estou na Casa já há 15 anos e não me recordo de ter visto um
secretário da Educação ser convidado para participar de uma reunião da
Comissão de Finanças e Orçamento. Seria a mesma coisa que na Comissão de
Educação se convocar o secretário da Fazenda ou outro secretário que
não aquele vinculado a essa questão. Mas essa é uma questão de menor
importância até porque o Secretário virá aqui e darás todas as
explicações e com certeza vai engordar o caldo de cultura de alguns
Deputados que na área da Educação têm dificuldade em entender o que vem
acontecendo aqui no Estado de São Paulo: uma greve que murchou, uma
greve que não teve nem início. Foi só o Governo retirar o projeto que no
dia seguinte cartazes tentavam passar a idéia de que havia um problema
sério entre o Governo do Estado e a Secretaria da Educação, ou seja, uma
greve pífia de três ou quatro representantes da categoria.
E o que mais chama a atenção é que o Governador encaminha à Assembléia
Legislativa um orçamento da ordem de 80 e tantos bilhões de reais e um
investimento de 9,1 bilhões de reais quando o investimento do Governo
Federal é da ordem de oito bilhões, ou seja, o Estado de São Paulo hoje
tem um investimento de um bilhão e cem milhões a mais do que o Governo
Federal. Isso cria pânico no PT. Como não podem dizer que a culpa é de
Pedro Álvares Cabral e todos os demais que o sucederam até o Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, passam a conta para aqueles que estiveram à
frente do seu Governo.
Caberia, quem sabe, aos ministros do Governo Luiz Inácio Lula da Silva
explicarem como não conseguiram fazer com que o investimento do Governo
Federal fosse pelo menos igual ao que o Governo do Estado de São Paulo
vem fazendo. A greve que durou dois dias aqui, em Brasília já ultrapassa
dois meses. Cabe aqui ao Partido dos Trabalhadores explicar por que
está acontecendo a greve federal.
* * * É dado um aparte anti-regimental.
* * * O Deputado Enio Tatto está preocupado com o tempo que estou
utilizando. Talvez esteja incomodando os ouvidos daqueles que não sabem
ouvir. Democraticamente, Sr. Presidente, agradeço a paciência e a
gentileza de Vossa Excelência. Tenham certeza de que com esse meu
pronunciamento irão refletir de hoje para amanhã e quem sabe até
entender as dificuldades que assolam o Partido dos Trabalhadores, que
hoje vive uma situação tão difícil no Brasil e que não é diferente no
Estado de São Paulo.
O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Esta Presidência quer informar
que não temos um sistema de corte de som do microfone de apartes,
sistema esse que será providenciado por esta Presidência no mês de
janeiro. Da mesma forma que fui tolerante com o Deputado Roberto
Felício, fiz também em relação ao Deputado Ricardo Tripoli. Mas no mês
de fevereiro retornaremos a esta Casa com um novo dispositivo à
disposição de quem estiver nesta cadeira, que cessará o som do microfone
de apartes no tempo regimental que o parlamentar terá, coisa já comum
na Câmara Federal.
O SR. ROMEU TUMA - PMDB - Sr. Presidente, quero dar um esclarecimento
porque em algumas falas tentaram desqualificar o nosso entendimento.
Fui o autor da proposta, acho absolutamente pertinente ter sido feita na
Comissão de Finanças e Orçamento até porque estávamos discutindo as
regras do orçamento e isso não se trata de uma questão das diretrizes e
bases da educação e sim, dos gastos efetuados pela da Secretaria da
Educação, como unidade de despesa. Trata-se da gestão do dinheiro
público até porque temos no orçamento novas aquisições que virão desse
tipo de veículo. Então queremos saber exatamente como está sendo
aplicado esse dinheiro e também como estão sendo encaminhadas essas
viaturas.
Em referência ao que foi dito pelo meu amigo, Deputado Campos Machado,
se for verdadeiro o enunciado pela imprensa, realmente é um caso de
polícia e precisamos de uma delegacia. Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Srs. Deputados, esgotado o
objeto da presente sessão esta Presidência, antes de encerrá-la, convoca
V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental,
informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de hoje,
lembrando-os ainda da sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 20
horas.
Fonte: Site Jusbrasil.
Estatuto do Desarmamento - Lei 10826/03 | Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003.
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