Não é de hoje que a jornalista Rachel Sheherazade, que disse no "SBT Brasil" achar compreensível o fato de um grupo de homens espancar e amarrar um menor infrator em um poste, causa muita polêmica ao expressar sua opinião. A profissional, aliás, foi contratada pelo SBT justamente por isso. O canal se apressou em dizer que a opinião da jornalista não reflete a da emissora, mas ninguém em sã consciência está reclamando do barulho causado pela âncora. Claro que Rachel está sendo muito procurada pela mídia pela repercussão de suas palavras no telejornal. Ao blog, a jornalista disse (por email) que é constantemente ameaçada por conta de seu estilo, mas que não vai se calar. Veja a entrevista abaixo:
Imaginou que sua opinião sobre o jovem amarrado causaria tanto barulho? (Yahoo)
Não imaginei. Meus comentários são muito fortes, porque eu não fico em cima do muro, tomo posições bem definidas, sem me preocupar com a patrulha do politicamente correto. Por isso eles acabam reverberando tanto na sociedade. Depois de tantos anos de mordaça, os tempos da censura da ditadura militar, as pessoas ainda não estão acostumadas ao contraditório. Mas, acho que minhas opiniões repercutem mais porque falo o que a pessoa comum gostaria de dizer, mas não tem onde desabafar. Apesar das muitas tentativas de intimidação que recebo, faço questão de defender meu ponto de vista, pois vivo num país democrático, onde a imprensa (até que se prove o contrário) é livre. Exerço minha liberdade de expressão que muitos querem cercear.
Qual seu termômetro na hora de escolher um assunto? (Yahoo)
Escolho o assunto mais apaixonante ou que cause indignação ou politicamente relevante. O assunto tem que mexer comigo, me comover de alguma forma.
Existe algum tema que jamais abordaria na TV? (Yahoo)
Nunca pensei em temas proibidos... Quando surge um assunto interessante, que me conquista, simplesmente, falo.
Dizem que quem fala o que quer ouve o que não deve. Você já ouviu o que acha que não deveria de outras pessoas (nas ruas, dos colegas, na internet)? E qual foi sua reação? (Yahoo)
Sim, já ouvi as maiores atrocidades do mundo pela internet. Ameaças contra a minha integridade física, contra a vida dos meus filhos. Já ouvi críticas à minha origem nordestina, contra minha religião, contra meus posicionamentos conservadores... todas as formas de preconceito já sofri pela internet, mas preferi não me colocar como vítima e ficar chorando minhas dores. Sou maior que tudo isso. Na internet, se escondem os maiores covardes, mas também se revelam meus maiores aliados. E a vida é feita de dicotomias.
Você foi convidada para trabalhar no SBT em São Paulo justamente por suas opiniões repercutirem muito quando estava no nordeste, mas achou que esse seu estilo tomaria essa dimensão? (Yahoo)
Meu estilo é o mesmo. O que mudou foi a repercussão das minhas palavras. Se antes, eu falava para um estado (a Paraíba), uma região, hoje falo para todo Brasil, meus comentários são replicados em todas as redes sociais e ganham até legenda em vários idiomas, pois estão sendo vistos fora do país.
Se algum dia deixar de emitir suas opiniões em um telejornal, acha que será cobrada por isso? (Yahoo)
Sim, acho que serei muito cobrada pelo meu público se um dia me calar – ou se me calarem!
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