Deputados apontam falhas no Plano
Estratégico de Fronteiras, lançado há um ano e meio pela presidente
Dilma Rousseff, e cobram uma atuação mais efetiva do governo para
reduzir a entrada de armas ilegais e de drogas no País e conter a onda
de violência nas cidades.
O balanço positivo divulgado em dezembro
pelo governo sobre o aumento de prisões e apreensões de drogas, nas
operações feitas no âmbito do Plano Estratégico de Fronteiras, não
convenceu deputados cuja atuação está relacionada às fronteiras e à
segurança pública.
O vice-presidente da Representação
Brasileira no Parlamento do Mercosul, deputado Antonio Carlos Mendes
Thame (PSDB-SP), acredita que o plano não resolveu a situação:
“Praticamente nada foi feito. O Brasil tem quase 17 mil quilômetros de
fronteiras, com dez países, três dos quais são os maiores produtores de
cocaína de todo o planeta. E nós não vimos nenhum ato concreto para
realmente proteger essas fronteiras, que estão absolutamente relegadas.”
Para Mendes Thame, o governo
deveria, em primeiro lugar, qualificar as Forças Armadas. “Recentemente,
o general Maynard Santa Rosa declarou que o Brasil tem munição para
meia hora de combate, só isso, e que a maioria dos armamentos
brasileiros foi adquirida há mais de 30 anos. Não dá para enfrentar um
problema como o da segurança, das drogas, do crack, do óxi, apenas no
discurso.
O presidente da Comissão de Segurança
Pública e de Combate ao Crime Organizado, deputado Efraim Filho
(DEM-PB), diz que a situação das fronteiras se tornou crucial no combate
à criminalidade no País, já o problema tem foco nas drogas e nas armas.
“Tem que haver ações que vão desde a valorização do servidor da
segurança pública ou da Receita que presta serviços nas fronteiras. Eles
têm que ter uma gratificação a mais por estarem cumprindo esse papel”,
aponta.
A Comissão de Trabalho já analisa um
projeto, enviado à Câmara em agosto pela presidente Dilma Rousseff, que
concede indenização de R$ 91 por dia de trabalho em delegacias e postos
de fronteira (PL 4264/12). O projeto será analisado também pela Comissão
de Constituição e Justiça, antes de ir para o Senado.
Efraim Filho acrescenta, porém, que o
problema não está apenas no pessoal. “O Brasil possui quase 17 mil
quilômetros de fronteira, e não temos quantidade de pessoal para tomar
conta dela, por mais que sejam feitos inúmeros concursos. É preciso
avançar no quesito da tecnologia.”
Planejamento
O deputado Fernando Francischini
(PEN-PR), que já foi delegado da Polícia Federal, também critica a falta
de servidores e de infraestrutura. “Não há fórmula mais direta do que
aumento do efetivo e infraestrutura nas pontas, onde esse pessoal vai
trabalhar. Então, o governo precisa fazer investimento financeiro, de
criação de infraestrutura (prédios, viaturas, equipamentos) e, por outro
lado, concursos públicos para as carreiras típicas de Estado que
trabalham em fiscalização de fronteiras.”
Francischini aponta falta de
planejamento e diz que uma prova disso foi a compra de veículos aéreos
não tripulados de Israel para a Polícia Federal, os chamados Vants, que
ficaram parados. “É um bom projeto, mas o governo precisava ter dado a
infraestrutura necessária à Polícia Federal para que esse avião pudesse
fazer o monitoramento das áreas, as fotografias aéreas, e tivesse uma
equipe em solo para agir contra os contrabandistas de armas e de
drogas.”
O deputado, que foi coordenador de
Operações Especiais de Fronteiras da Polícia Federal no Sul do País,
afirma que a fronteira está cheia “buracos” e cita sua região como
exemplo: “No Paraná, temos o lago de Itaipu. São 175 quilômetros de
leito navegável, separando o Brasil do Paraguai, entre a região de Foz
do Iguaçu e Guaíra, e com a fiscalização quase zero. Nós temos uma base
da Polícia Federal em Guaíra, pequena, mas o efetivo não chega nem perto
do que é necessário em Foz do Iguaçu, e o lago é terra de ninguém.”
Moradores
A presidente da Comissão de
Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputada Perpétua Almeida
(PCdoB-AC), trabalha para a inclusão de recursos para as Forças Armadas
no Orçamento da União. Moradora de uma região de fronteira, ela promoveu
seminários para a discussão não apenas dos problemas relacionados à
segurança, mas dos direitos das pessoas que vivem nessas áreas.
“Temos pessoas que moram de um lado da
fronteira e às vezes casam com pessoas de outro país, ou moram numa
cidade e atravessam a fronteira para trabalhar ou para estudar. Além o
debate sobre a proteção da fronteira, temos que nos preocupar também com
a vida de quem está morando na região”, afirma a deputada.
Fonte: DefesaNet.
Deputados criticam Plano de Fronteiras e cobram combate mais efetivo ao tráfico.
Reviewed by Consultor de Segurança Eletrônica
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22:58:00
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