Um alerta no
Peru chama a atenção para a segurança da informação na região da
América Latina: um caso direcionado de espionagem industrial por meio de
uma invasão do tipo Advanced Persistent Threat (ou ameaça avançada e
persistente, da sigla em inglês) roubou dez mil projetos de Autocad
peruanos. Os focos eram extremamente claros: projetos de Autocad e o
Peru. “Esta foi a primeira vez que vimos algo neste nível na AL”,
contou Raphael Labaca, especialista em educação e pesquisa do
laboratório de segurança da Eset na região.
“Não podemos dizer que existe uma forte
tendência de APT, mas este é o único caso em que um malware foi feito
especificamente para uma empresa”, continuou Labaca. Segundo o
executivo, o Brasil também registra casos esparsos, mas nada ainda com
força o suficiente ou em frequência de ocorrências que possa configurar
um auge da ameaça. “Não posso dizer que a AL está em um auge de ataques
direcionados, nem falar que espionagem representa uma porcentagem
específica dos casos na região. O que posso afirmar é que estamos vendo
casos que nunca havíamos visto”, garantiu.
Para explicar esse foco, Labaca detalhou
que a maioria dos projetos roubados pelo Medre era de empresas
peruanas; mais de 90% das ocorrências. Uma parcela menor atingiu outros
países, como Equador, Colômbia, Estados Unidos e até mesmo Brasil (a
menor proporção de todas), mas isso foi causado muito mais pela
propagação incontrolável – característica típica dos vírus (humanos ou
de computador) - do que por objetivo.
De qualquer forma, o especialista
explicou que oportunismo ainda é o principal meio utilizado pelos
cibercriminosos para roubar suas vítimas. As ameaças específicas se
enquadram em outro nível de malware, com mais assertividade e maior
retorno do “investimento”. No caso de Troia ou botnets, por exemplo, a
ideia é alcançar o maior número de usuários, porque a “receita” obtida
pela ação é de valor reduzido.
Ainda segundo Labaca, explicar roubo de
dados por espionagem é algo difícil. Diferentemente de um bem, quando um
hacker rouba um arquivo, ele não desaparece da máquina da vítima – ele é
copiado para outro servidor. Além disso, não sai dinheiro da
conta-corrente da empresa e, com isso, a compreensão do risco torna-se
muito menor neste caso.
APTs:
As APTs não são novidade no mercado de
segurança da informação. Diferente dos malwares comuns, esses programas
têm objetivos específicos e extremamente direcionados. Seriam uma
evolução dos vírus convencionais, com foco no corporativo. Impossível,
nessas situações, não levar em consideração o Stuxnet (ameaça voltada a
paralisar o enriquecimento de urânio no Irã) e o Flame (direcionado a
máquinas Windows também no Irã).
Existe também a, não tão repercutida,
operação Aurora que, de dezembro de 2010 a janeiro de 2011, buscou
promover ações contra a Adobe, Google, Juniper, entre outras, explorando
a vulnerabilidade de dia zero no Internet Explorer. O processo era de
direcionar usuários a sites maliciosos e instalar cavalos de Troia e
ferramentas de acesso remoto, como forma de roubar documentos
confidenciais.
Outro exemplo foi o
Shady Rat, que teve duração de cinco anos e afetou 14 geografias do
mundo. Diversos países foram alvo, tanto corporações públicas quanto
privadas e, no total, foram 72 empresas comprometidas e 32 tipos de
organizações.
Fonte: informationweek.
Malware no Peru indica tendência inédita de ciberespionagem na América Latina.
Reviewed by Consultor de Segurança Eletrônica
on
04:27:00
Rating:
Nenhum comentário: